segunda-feira, 19 de setembro de 2016

REVISÃO TERCEIROS FILOSOFIA TERCEIRA UNIDADE 2016

O que é Política
Política é a ciência da governança de um Estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público.
Na ciência política, trata-se da forma de atuação de um governo em relação a determinados temas sociais e econômicos de interesse público: política educacional, política de segurança, política salarial, política habitacional, política ambiental, etc.
O sistema político é uma forma de governo que engloba instituições políticas para governar uma Nação. Monarquia e República são os sistemas políticos tradicionais. Dentro de cada um desses sistemas podem ainda haver variações significativas ao nível da organização. Por exemplo, o Brasil é uma República Presidencialista, enquanto Portugal é uma República Parlamentarista.
Num significado mais abrangente, o termo pode ser utilizado como um conjunto de regras ou normas de uma determinada instituição. Por exemplo, uma empresa pode ter uma política de contratação de pessoas com algum tipo de deficiência ou de não contratação de mulheres com filhos menores. A política de trabalho de uma empresa também é definida pela sua visão, missão, valores e compromissos com os clientes. É o conjunto de atividades humanas que se refere à cidade e às coisas de interesse público. Refere-se às decisões que realizamos ao longo da vida para garantia dos bens privados. É o conjunto de atividades humanas que se refere à cidade e às coisas de interesse público.
O que é Ética e Moral
No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.
Os termos possuem origem etimológica distinta. A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”. Já a palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo aos costumes”.
Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral.
Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.
No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambas responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em sociedade.
Significado de coletividade
s.f. Natureza do que é coletivo: a coletividade é a essência da sociedade.
Conjunto de seres que constituem o corpo coletivo, a comunidade: as coletividades não procedem como os indivíduos.
A Política na Visão de Nicolau Maquiavel
Nicolau Maquiavel, um dos mais conhecidos filósofos políticos de todos os tempos, se tornou famoso por defender a visão de que um governante, se necessário, deveria ser cruel e fraudulento para obter e manter o poder. Seus críticos o denunciam como um homem que foi desprovido de moralidade, porém, seus admiradores afirmam que ele foi um dos únicos realistas que verdadeiramente entendiam o mundo político e que teve a coragem de descrevê-lo como ele realmente é. Em todo caso, séculos após terem sido publicados, os trabalhos de Maquiavel continuam sendo lidos e analisados por estudantes de filosofia, história e política.
O motivo pelo qual Maquiavel tem sido em geral considerado exclusivamente um defensor do despotismo está em que O Príncipe foi o livro mais largamente difundido - na verdade muitos de seus críticos não leram senão este livro - ao passo que os Discursos nunca chegaram a ser tão conhecidos. Uma vez bem compreendida a exaltação da monarquia absoluta, pode coexistir com as manifestas simpatias pela forma de governo republicana.
Para Maquiavel, o governo fundamenta-se na incapacidade do indivíduo de defender-se contra a agressão de outros indivíduos a menos que apoiado pelo poder do estado. A natureza humana, porém, mostra-se egoísta, agressiva e gananciosa; o homem quer conservar o que tem e buscar mais ainda. Por isso mesmo, os homens vivem em conflito e competição, o que pode acarretar uma anarquia declarada a menos que seja controlada pela força que se esconde atrás da lei. Assim, o governo para ser bem sucedido, quer uma monarquia ou república, deve objetivar a segurança das propriedades e da vida, sendo esses os desejos mais universais da natureza humana. Daí sua observação que "os homens esquecem mais depressa a morte do pai que a perda do seu patrimônio" (O Príncipe, cap. XVII). Assim, o essencial numa nação é que os conflitos originados em seu interior sejam controlados e regulados pelo Estado.
O que é Corrupção
Corrupção é o efeito ou ato de corromper alguém ou algo, com a finalidade de obter vantagens em relação aos outros por meios considerados ilegais ou ilícitos.
         Etimologicamente, o termo "corrupção" surgiu a partir do latim corruptus, que significa o "ato de quebrar aos pedaços", ou seja, decompor e deteriorar algo.
A ação de corromper pode ser entendida também como o resultado de subornar, dando dinheiro ou presentes para alguém em troca de benefícios especiais de interesse próprio.
A corrupção é um meio ilegal de se conseguir algo, sendo considerada grave crime em alguns países. Normalmente, a pratica da corrupção está relacionada com a baixa instrução política da sociedade, que muitas vezes compactua com os sistemas corruptos.
A corrupção na política pode estar presente em todos os poderes do governo, como o Legislativo, Judiciário e Executivo. No entanto, a corrupção não existe apenas na política, mas também nas relações sociais humanas, como o trabalho, por exemplo.
Para que se configure a corrupção, são precisos no mínimo dois atores: o corruptor e o corrompido, além do sujeito conivente e o sujeito irresponsável, em alguns casos.
Corruptor: aquele que propõe uma ação ilegal para benefício próprio, de amigos ou familiares, sabendo que está infringindo a lei;
Corrompido: aquele que aceita a execução da ação ilegal em troca de dinheiro, presentes ou outros serviços que lhe beneficiem. Este indivíduo também sabe que está infringindo a lei;
Conivente: é o indivíduo que sabe do ato de corrupção, mas não faz nada para evitá-lo, favorecendo o corruptor e o corrompido sem ganhar nada em troca. O sujeito conivente também pode ser atuado e acusado no crime de corrupção, segundo prevê o artigo 180 da Convenção Federal do Brasil;
Irresponsável: é alguém que normalmente está subordinado ao corrompido ou corruptor e executa ações ilegais por ordens de seus superiores, sem ao menos saber que esses atos são ilegais. O sujeito irresponsável age mais por amizade do que por profissionalismo;
A corrupção ainda pode significar o desvirtuamento e a devassidão de hábitos e costumes, tornando-os imorais ou antiéticos, por exemplo.
O que é Nepotismo
Nepotismo é um termo utilizado para designar o favorecimento de parentes ou amigos próximos em detrimento de pessoas mais qualificadas, geralmente no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos públicos e políticos.
Etimologicamente, este termo se originou a partir do latim nepos, que significa literalmente “neto” ou “descendente”.
Originalmente, a palavra era usada exclusivamente no âmbito das relações do papa com seus parentes.
Por esse motivo, o dicionário Houaiss identifica um nepote como "sobrinho do sumo pontífice" ou "conselheiro papal".
Atualmente, este termo é utilizado como sinônimo da concessão de privilégios ou cargos a parentes no funcionalismo público.
Nepotismo é diferente de favoritismo, pois o favoritismo não implica em relações familiares com o favorecido.
Nepotismo ocorre quando um funcionário é promovido por ter relações de parentesco ou vínculos com aquele que o promove, mesmo que hajam pessoas mais qualificadas e mais merecedoras para o cargo.
Outro exemplo de nepotismo é quando alguém é acusado de fazer fama às custas de algum parente já famoso, geralmente se for o pai, a mãe, ou algum tio ou avô.
Por exemplo: um governador que escolha para a sua equipe vários familiares, certamente está praticando nepotismo. Existem vários casos claros no Brasil.
É importante mencionar que o nepotismo não constitui um ato criminoso. No entanto, quando o nepotismo é praticado de forma intencional, o servidor público ficará sujeito a uma ação civil pública por cometer improbidade administrativa (sendo que essa sim é um crime) pela prática de nepotismo.
Sendo confirmada essa ação, o servidor público poderá ter que ressarcir integralmente o dano público causado e poderá também perder o seu cargo e os direitos políticos durante um prazo de três a cinco anos.
O nepotismo é uma afronta à profissionalização da gestão, porque alguém que tem poder político dificilmente avaliará com imparcialidade o trabalho de uma pessoa que pertence à sua família.
Nepotismo cruzado
Existe também o chamado nepotismo cruzado, que é a troca de parentes entre agentes públicos para que tais sejam contratados diretamente, sem a necessidade de serem aprovados em concurso público.
Nepotismo cruzado também pode ser o ajuste mediante designações recíprocas. Por exemplo, quando um gestor público promove ou contrata o parente de um outro gestor público cúmplice, sendo que este deverá, como agradecimento, contratar ou promover um parente próximo do gestor que o ajudou.
O nepotismo cruzado é mais difícil de ser detectado, mas ainda é enquadrado como um grande empecilho para a construção de uma administração pública saudável.
Lei do nepotismo
O artigo 37 da Constituição Federal refere que as contratações de funcionários para cargos públicos devem cumprir os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Este artigo revela então que o nepotismo é uma prática anti-constitucional. No entanto, alguns municípios podem criar determinadas leis para prevenir o ato de nepotismo.
O Supremo Tribunal Federal possui também a 13ª Súmula Vinculante, aprovada em 21 de agosto de 2008, onde o nepotismo é proibido nos Três Poderes, a nível da União, dos estados e municípios. Esta súmula também prevê e proíbe o nepotismo cruzado.
No dia 4 de Junho de 2010 o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou o decreto federal nº 7.203, que revela o impedimento do nepotismo no âmbito da administração pública federal.
O Analfabeto Político, de Bertolt Brecht
O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.
Nada é impossível de Mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singela. E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar.
Privatizado, privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence.
Maquiavel acreditava que a forma perfeita de governo republicano é aquele que apresenta características monárquicas, aristocráticas e populares de forma harmoniosa e simultânea, ou seja, uma república mista. Observa que uma monarquia facilmente se torna uma tirania; que a aristocracia degenera em oligarquia e que o governo popular converte-se em demagogia, formas corrompidas da república segundo o ideal aristotélico.


REVISÃO TERCEIROS HISTÓRIA TERCEIRA UNIDADE 2016

O POPULISMO: VARGAS, JUCELINO KUBITSCHEK, JÂNIO QUADROS E JOÃO GOULART
O Populismo não é um sistema de governo, mas uma forma de governar. Os políticos populistas utilizam de vários expedientes para obter o apoio do povo. Pois o populismo não existe sem que exista uma grande popularidade e carisma do líder. Para isso, o político populista utiliza de uma linguagem simples e acessível a todos. Outro expediente de muita importância é a propaganda pessoal, onde o político é apresentado como diferente dos demais. Normalmente apresentado como uma espécie de salvador da pátria.
Contudo, na prática, o populista adota medidas autoritárias, desrespeitando os outros poderes (Legislativo e Judiciário), também desacredita os outros partidos políticos e ataca as instituições democráticas.
Normalmente o populismo está presente em momentos de grave crise política ou econômica e, assim, surge como única alternativa capaz de superar a crise.
O Início do Populismo no Brasil
O fim da Grande Guerra e a derrota do totalitarismo alemão e italiano marcou o desgaste das ditaduras no mundo todo. No Brasil não foi diferente. O governo autoritário de Getúlio Vargas, no Estado Novo, já não era mais aceito pelas elites industriais e pela burguesia urbana nacional. O seu período durou da ditadura Vargas ao golpe militar de 1964.
Apesar do Movimento Queremista (”Queremos Getúlio”), Vargas foi deposto em 1945. Ao aceitar o Golpe que o depôs, Getúlio passou a imagem de que era favorável a redemocratização do país. Essa estratégia ajudaria a reconduzi-lo, em 1951, à presidência.
Em lugar de Vargas, Eurico Gaspar Dutra se tornou presidente do país. O governo Dutra foi marcado pela Constituição democrática de 1946 e pela realização da Copa do Mundo de 1950.
Já em 1951, como vimos anteriormente, Getúlio Vargas retornou à presidência (“nos braços do povo” como gostava de afirmar). Entretanto, apesar do apoio popular, o último capítulo da Era Vargas foi marcado pela oposição vigorosa contra o presidente.
Após uma tentativa sem sucesso de assassinato ao jornalista Carlos Lacerda (atentado da Rua Tonelero), inimigo declarado de Vargas, a situação se tornou insustentável. Mesmo que não se tenha comprovado a participação de Getúlio, o caso levou ao isolamento do presidente.
Com isso, em 24 de agosto de 1954, Vargas se suicidou com um tiro no peito. Na carta testamento o presidente afirmou “Saio da vida para entrar na História”. Era o fim da Era Vargas.
O governo JK: “Cinquenta anos em cinco”
Após um curto período em que Café Filho ficou na presidência, Juscelino Kubitschek (JK) tomou posse para um governo bastante movimentado. O Plano de Metas de JK tinha por slogan: “cinquenta anos em cinco”, numa alusão de que o projeto para o país previa um crescimento acelerado da economia e da indústria.
E foi exatamente na indústria que Kubitschek obteve maior êxito. Ao abrir a economia nacional para o capital internacional, JK atraiu o investimento de grandes empresas. Ford, Volkswagen, Willys e General Motors se instalaram no sudeste brasileiro, especialmente no ABC paulista. Atraindo mão de obra de praticamente todas as regiões do Brasil. Fato que fez aumentar o êxodo rural (saída do homem do campo para as cidades) e a migração de nordestinos e nortistas de suas regiões para as grandes cidades do sudeste.
         Outro importante acontecimento do governo Kubitschek foi à construção de Brasília e, a consequente, transferência da sede do poder executivo e legislativo do Rio de Janeiro para a nova capital.
Apesar de muitos avanços, especialmente no aumento do número de postos de emprego e da entrada de grandes investimentos de capital estrangeiro no país, a verdade é que ao final do governo JK a dívida externa brasileira havia praticamente duplicado.
O curto período Jânio Quadros
Em 1961, Jânio Quadros foi eleito presidente do Brasil. A campanha janista foi bastante incomum. Durante a corrida eleitoral, Jânio se comportava de forma bastante displicente, guardava sanduiches nos bolsos e se penteava na frente da plateia. Sua promessa de campanha era “varrer” a corrupção do país, por esse motivo, utilizava como símbolo uma vassourinha, objeto que era distribuído como material eleitoral.
Contudo, ao assumir a presidência, mostrou-se controverso ao proibir rinhas de galo, concurso de Miss e o uso de biquíni na praia.
Apesar de tudo isso, o governo Jânio teve seus méritos, especialmente no que se refere à política externa. Afinal, a Política Externa Independente (PEI) foi iniciada ainda durante o governo janista.
A Política Externa Independente garantia ao Brasil poder de barganha tanto com países capitalistas quanto com países do Bloco Comunista. Por esse motivo, durante seu governo o Brasil manteve aberto o diálogo com os Estados Unidos, mas iniciou uma série de medidas de aproximação com Cuba (Che Guevara foi recebido em Brasília, onde foi condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul), com a China (quando Jânio renunciou à presidência, seu vice, João Goulart, estava em visita diplomática a esse país) e com a União Soviética, todos comunistas.
Contudo, alegando que “Forças terríveis se levantaram contra mim...”, Jânio renunciou no dia 21 de agosto de 1961.
Motivos da renúncia de Jânio Quadros à presidência:
- O vice-presidente João Goulart não era “bem visto” pelo Congresso Nacional e Forças Armadas. Jânio acreditava que sua renúncia não seria aceita, principalmente para que Jango não assumisse a presidência;
- Devido à popularidade alcançada durante a campanha eleitoral, Jânio acreditava que o povo não o deixaria renunciar. O ex-presidente esperava por uma comoção popular em seu favor e, assim, fortalecer seu governo.
Contudo, Jânio Quadros estava errado e o Congresso Nacional aceitou sua renúncia e o povo nada fez.
Após a renúncia de Jânio, o vice-presidente eleito, João Goulart é o sucessor legal. Mas enfrenta forte oposição contra sua posse. Enfrentando até uma tentativa frustrada de Golpe de Estado.
Como presidente, Jango manteve a Política Externa Independente na ativa. Política que mesmo após o Golpe Civil-Militar de 1964 manteve-se como a principal política externa do país.
GUERRILHAS NA AMÉRICA LATINA
HISTÓRIA DA AMÉRICA
A guerra de guerrilhas se configurou como prática de guerrilheiros na América Latina, a partir do século XX. Poucos movimentos guerrilheiros lograram êxito e conquistaram o poder.
No século XX, a guerra de guerrilhas foi amplamente difundida na América Latina. Os principais grupos de guerrilheiros latino-americanos surgiram na Colômbia, Venezuela, Peru, Guatemala, Argentina, Brasil, Nicarágua, entre outros.

Contudo, somente duas guerras de guerrilhas lograram êxito no continente americano, isto é, conquistaram o poder. A primeira foi em Cuba, no ano de 1959, na chamada Revolução Cubana, com os líderes Fidel Castro e o mártir Ernesto Che Guevara (a imagem de Che configurou-se como representação ideal-típica do guerrilheiro). O segundo movimento guerrilheiro que ostentou a tomada do poder na América Latina se deu na Nicarágua, em 1979, por meio da Frente Sandinista de Libertação Nacional. Os principais líderes foram Augusto Sandino, fundador da guerrilha nicaraguense, na década de 1920; e Daniel Ortega, que assumiu o poder no ano de 1979.
As principais ações das guerrilhas consistiram na efetivação do foquismo (ou os chamados focos), que se pautava na existência de condições objetivas, nas quais a prática revolucionária poderia ser colocada em ação. A prática da guerra de guerrilha consistia no combate em focos revolucionários a partir da luta armada, ou seja, para as guerrilhas ou guerrilheiros a luta armada consistia na única forma encontrada para combater os regimes ditatoriais presentes em vários países da América Latina e para conquistar o poder.
         Em vários países latino-americanos, os guerrilheiros de díspares concepções política-ideológicas, como nacionalistas, marxistas, guevaristas, entre outros, utilizaram a luta armada para combater as ditaturas instaladas em diferentes países latino-americanos, como nos casos do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, atuante nas décadas de 1970 e 1980, no Peru; e das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), atuantes até os dias de hoje.
No Brasil, a guerrilha de foco também existiu e foi colocada em prática pelos guerrilheiros brasileiros no ano de 1968, na conhecida Guerrilha do Araguaia, onde guerrilheiros revolucionários adotaram a luta armada como principal forma de derrubar a ditatura militar que havia sido instalada no Brasil, no ano de 1964. O foco guerrilheiro no Brasil se concentrou próximo ao rio Araguaia, na cidade de Xambioá, que naquela época pertencia ao estado de Goiás (hoje integra o estado do Tocantins), e na divisa dos atuais estados do Pará e Maranhão.
No final da década de 1960 e início de 1970, a Guerrilha do Araguaia foi duramente combatida pelo exército brasileiro. Sob o crivo do então presidente militar, Garrastazu Médici, vários guerrilheiros foram mortos e torturados pelos militares brasileiros. Até os dias atuais vários corpos de guerrilheiros que combateram na Guerrilha do Araguaia não foram encontrados.
Portanto, as tentativas de guerrilhas na América Latina não lograram êxito, com exceção de Cuba e Nicarágua (como foi dito acima), por diversos fatores: o primeiro seria o fato de as guerrilhas terem sido organizadas em locais isolados e remotos, como no caso da Guerrilha do Araguaia. O segundo fator foi a preponderância da questão militar sobre a questão política; e o terceiro fator que decretou a falência das guerrilhas foi a pouca importância dada às particularidades históricas de cada região/país. Dessa forma, as guerrilhas na América Latina decretaram falência.
O Governo Allende
Em 1970 salvador Allende foi eleito presidente do Chile, representando a Unidade Popular. Esse agrupamento político era formado por socialistas, comunistas, setores católicos e liberais do partido Radical e do Partido Social Democrata, e contava com grande apoio dos trabalhadores urbanos e camponeses.
O governo Allende pretendia "construir uma sociedade socialista em liberdade, pluralismo e democracia" e estava comprometido com o processo de nacionalização da economia, com a reforma agrária e com a elevação do nível de vida dos trabalhadores, ou seja, acreditava que as reformas sócio econômicas graduais pudessem fortalecer as massas trabalhadoras e ao mesmo tempo e ao mesmo tempo destruir o predomínio econômico e imperialista, abrindo caminho para a construção de uma sociedade socialista.
Durante o primeiro ano de governo foram realizadas importantes mudanças, incluindo a reforma Constitucional de 1971, que passou a considerar como propriedade do Estado todas as riquezas do subsolo.
No entanto, as pressões do imperialismo norte americano e das elites chilenas fizeram-se sentir a partir do ano seguinte, destacando-se o lockout (paralisação) dos proprietários de caminhões, responsável por grave crise de abastecimento e uma série de boicotes contra o governo popular.
Cabe destacar que a importante vitória da Unidade popular em 1970 e as medidas progressistas do governo desde então, não eram uma garantia de poder completo, na medida em que as demais instituições do Estado - o Congresso e o Poder Judiciário - continuavam sob controle da burguesia. Se de um lado as forças de esquerda exigiam maior radicalização para superar os obstáculos impostos, por outro, os setores conservadores do próprio governo exigiam maior flexibilidade com o objetivo de superar as dificuldades. Nesse sentido Allende incorporou a seu ministério alguns militares legalistas, garantindo a estabilidade institucional, fato que permitiu a vitória da Unidade Popular nas eleições para o Congresso Nacional em março de 1973.
A partir de junho desse ano, a reação conservadora tornou-se mais intensa: levantes militares, atentados terroristas, greves.
Destacam-se ao mesmo tempo as divisões internas ao governo, uma vez que a Unidade Popular era uma frente política formada por partidos e grupos diferentes. Se o Partido Comunista defendia a via pacífica para o socialismo, apoiando as atitudes de Allende, o MIR (Movimento de Izquierda Revolucionário) realizava maior pressão no sentido da radicalização.
Por último havia no Chile uma ilusão em relação às Forças Armadas, na medida em que, na história do país praticamente não haviam interferido diretamente no processo político. No entanto, a Doutrina Truman e a revolução Cubana fizeram com que núcleos fascistas se organizassem no interior da estrutura militar e que, apoiada pelos EUA seria a responsável pelo golpe de Setembro, que derrubou o governo popular.
O Golpe iniciou-se em Valparaíso com um levante da Marinha na madrugada de 11 de setembro e recebeu a adesão, na capital, das três armas e do Corpo de Cabineiros, numa operação comandada pelo general Augusto Pinochet. Os confrontos nas ruas foram caracterizados pelo massacre nos bairros operários e fábricas ocupadas responsável por cerca de 10 mil mortos e milhares de prisões; o ataque ao Palácio de La Moneda, onde Allende resistiu e acabou assassinado, completou a vitória da extrema direita e da CIA sobre as forças populares chilenas.
Ditadura Militar no Brasil
Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar.
 O golpe militar de 1964
         A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.
         Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.

Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de estar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.
         No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país.
         Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.
         O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este cassa mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a estabilidade de funcionários públicos.
 GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)
         Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Nacional presidente da República em 15 de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém ao começar seu governo, assume uma posição autoritária.
         Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam intervenção do governo militar.
Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estava autorizado o funcionamento de dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o segundo representava os militares.
         O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação.
 GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)
         Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil.
         Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábricas em protesto ao regime militar.
A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e seqüestram embaixadores para obterem fundos para o movimento de oposição armada.
         No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial.
GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969)
         Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica).

Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei decretava o exílio e a pena de morte em casos de "guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva".
         No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas forças de repressão em São Paulo.
 GOVERNO MÉDICI (1969-1974)
         Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como "anos de chumbo ". A repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censurados. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna ) atua como centro de investigação e repressão do governo militar.
Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas forças militares.
O Milagre Econômico
         Na área econômica o país crescia rapidamente. Este período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma base de infraestrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi.
         Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os padrões econômicos do Brasil.
 GOVERNO GEISEL (1974-1979)
         Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que começa um lento processo de transição rumo à democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a recessão mundial interferem na economia brasileira, no momento em que os créditos e empréstimos internacionais diminuem.
         Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A oposição política começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes cidades.
         Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante.
         Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.
 GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)
         A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o processo de redemocratização. O general João Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos. Os militares de linha dura continuam com a repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30 de Abril de 1981, uma bomba explode durante um show no centro de convenções do Rio Centro. O atentado fora provavelmente promovido por militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido provado.
Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluripartidarismo no país. Os partidos voltam a funcionar dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como: Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Não podemos esquecer-nos das músicas que fizeram parte deste período tão conturbado da História do Brasil como a canção “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré marcando o início da fase mais dura da Ditadura Militar com o AI5. A canção “o Bêbado e o equilibrista” que virou o hit do período da Anistia e finalizando com “Coração de Estudante” interpretada por Milton Nascimento que foi a canção mais executada no período da convalescência e morte de Tancredo Neves.  
O QUE FOI A OPERAÇÃO CONDOR?
A Operação Condor foi uma ação conjunta de repressão a opositores das ditaduras instaladas nos seis países do Cone Sul: Brasil, a Argentina, o Chile, a Bolívia, o Paraguai e Uruguai. A função principal era neutralizar e reprimir os grupos que se opunham aos regimes militares montados na América Latina, como os Tupamanos no Uruguai, os Montoneros na Argentina, o MIR no Chile, etc. Montada em meados dos anos 1970, a Operação durou até o período de redemocratização da região, na década seguinte. A operação, liderada por militares da América Latina, foi batizada com o nome do condor, ave típica dos Andes e símbolo da astúcia na caça às suas presas.
A Guerra Fria na América Latina atingiu seu auge naquela época, quando os exércitos deixaram em segundo plano os inimigos além das fronteiras para combater inimigos internos. Esta idéia foi desenvolvida pelos EUA na Escola das Américas e disseminada pelas Escolas Nacionais de Guerra em países sul-americanos, através da "Doutrina de Segurança Nacional", com o apoio de serviços secretos no modelo da CIA. A população ficou dividida entre aqueles que apoiavam as ditaduras militares e os que se opunham, taxados de comunistas e subversivos, acusados de ter como objetivo conquistar país por país através de guerras revolucionárias. Como conseqüência, não se fazia distinção entre aqueles que meramente criticavam os regimes e os que pegavam em armas. Toda uma geração de líderes e intelectuais foi então dizimada. Partidos políticos, sindicatos, organizações estudantis e organizações de direitos humanos foram banidas e perseguidas.
A Explicação da operação Condor pela Comissão Nacional da Verdade
A Operação Condor, formalizada em reunião secreta realizada em Santiago do Chile no final de outubro de 1975, é o nome que foi dado à aliança entre as ditaduras instaladas nos países do Cone Sul na década de 1970 — Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai — para a realização de atividades coordenadas, de forma clandestina e à margem da lei, com o objetivo de vigiar, sequestrar, torturar, assassinar e fazer desaparecer militantes políticos que faziam oposição, armada ou não, aos regimes militares da região.
O GT Operação Condor da Comissão Nacional da Verdade examinou um conjunto de documentos, obtidos junto a acervos no Brasil, Argentina, Estados Unidos e Paraguai, que atestam a participação de órgãos e agentes da ditadura brasileira em atividades que, no marco da Operação Condor, serviram para a preparação de operações clandestinas que resultaram em graves violações aos direitos humanos de cidadãos brasileiros no exterior, assim como de estrangeiros no Brasil.
Há fortes indícios de que essa ação conjunta entre os governos do Cone Sul contou não apenas com o conhecimento, mas também com o apoio do governo norte-americano, como demonstram documentos secretos divulgados pelo Departamento de Estado em 2001.
Em 1992, foi comprovada, através de documentos encontrados no Paraguai, a existência de um acordo costurado por todos os países do Cone Sul com o intento de facilitar a cooperação na repressão aos grupos e indivíduos opositores dos regimes militares que então governavam o Cone Sul. A operação, que começou como uma troca de informações entre os diversos países e a colaboração entre suas polícias secretas, passou aos poucos a envolver níveis mais altos de violência e desrespeito aos direitos humanos, com a troca de presos políticos, seqüestros e assassinatos.
A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já
         Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.
Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.
         No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal.
         Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país.  Trazendo enfim a eleição direta para Presidência da República em 1989 tendo como vitorioso o candidato do PRN Fernando Collor de Melo.
O Impeachment do Presidente Collor
O governo Collor entra no seu segundo ano acumulando fracassos na economia e dificuldades políticas tanto na relação com os partidos quanto nas relações sociais. Aproxima-se do sistema político tradicional, sobretudo do PFL, com mudanças ministeriais entre janeiro e março, mês em que há uma renúncia coletiva dos ministros, mas na verdade só uma parte deles foi trocada. A linha é de trocar os amigos vindos de Alagoas por nomes de partidos ou de peso acadêmico.
Marcílio Marques Moreira conduz a economia no estilo "feijão-com-arroz", juros altíssimos, inflação idem. Collor parece compor aos poucos imagem menos agressiva. Mas em maio estoura a bomba: seu irmão, Pedro Collor, com quem brigara por conta do controle dos negócios da família em Alagoas, dá longa entrevista à revista Veja acusando o presidente de corrupção.
Desde a campanha eleitoral vinham à tona denúncias de que Collor e seu tesoureiro, Paulo César Farias, o PC, coordenavam um esquema de captação de dinheiro de empresários. No seu governo em Alagoas (fora eleito em 1986 e renunciara em 1989 para disputar a Presidência), Collor já fora alvo de acusações do mesmo teor. Durante a Presidência, desde o primeiro ano, vários integrantes do governo saíram do cargo dizendo ter recebido propostas de PC, em nome de Collor, para favorecer determinados empresários.
Na entrevista, Pedro Collor confirma que Collor e PC são sócios num esquema de corrupção que capta dinheiro de empresários em troca de informações e decisões econômicas. (A própria ministra Zélia se verá depois envolvida nas denúncias com decisões sobre exportações de café e sobre tarifas de transportes públicos.) Diz também que os dois têm contas no exterior e apresenta um dossiê comprovando suas afirmações.
Pedro é demitido pela mãe da presidência da empresa de telecomunicações da família, em Alagoas - aliás, pivô das denúncias: Collor e PC montavam outra empresa local para concorrer com a presidida por Pedro. Depois, submete-se a exame de sanidade mental em São Paulo, que confirma seu estado normal, colocado sob suspeita por Collor.
Instala-se, em junho, uma CPI no Congresso Nacional, presidida por Benito Gama (PFL-BA) e relatada por Amir Lando (PMDB-RO). O senador Espiridião Amin (PDS-SC) abre mão de sua vaga na Comissão e quem assume é o senador José Paulo Bisol (PSB-RS), dando a maioria à oposição. Integrantes do governo Collor são chamados a depor e começam a surgir evidências e provas de que Pedro Collor falara a verdade. O próprio Pedro Collor e PC Farias também depõem.
Gastos exorbitantes de Collor e de sua esposa (também já denunciada em 1990 por desvios de verbas na LBA, presidida por ela) pagos por PC começam a ser revelados: apartamentos em Maceió, viagens, reforma suntuosa da Casa da Dinda (residência de Collor em Brasília), automóveis etc. Mas o passo decisivo foi dado quando Francisco Eriberto França, ex-motorista de Ana Acioli, secretária particular de Collor, revela, em entrevista à revista Isto É, que pegava dinheiro e cheques nas empresas de PC para efetuar pagamentos de despesas de Collor. Em julho, Eriberto depõe na CPI e confirma as denúncias.
Collor nega, em rede nacional, que tenha envolvimento com PC, de quem se diz afastado há muito tempo. Mas a CPI descobre que eles se falam por telefone com grande freqüência. Descobre também, mais tarde, que Collor, PC e Ana Acioli sacaram dinheiro de suas contas antes do confisco determinado pelo Plano Collor, em março de 1990. O TCU, pela primeira vez em 56 anos, recusa a prestação de contas do governo relativas a 1991 em função do grande número de irregularidades.
Todos os envolvidos têm seus sigilos bancários e telefônicos quebrados e desvendam-se várias contas fantasmas (com titulares falsos) movimentadas pela secretária de Collor, pelas quais o dinheiro da corrupção se destinava às despesas de Collor. Outros integrantes do governo e da própria família de Collor também recebem depósitos oriundos das empresas de PC Farias.
Cláudio Vieira, secretário particular de Collor, depõe, pela segunda vez, em julho e diz, com documentos, que as despesas de Collor são pagas com recursos sobrantes de um empréstimo de US$ 5 milhões contraído no Uruguai para serem utilizados na campanha presidencial, Collor e os empresários Luis Estevão e Paulo Otávio, de Brasília, teriam sido os fiadores. A CPI exige outros documentos que comprovem o empréstimo.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) denuncia na tribuna a falsidade dos documentos apresentados por Cláudio Vieira. Leva junto a secretária Sandra Ferreira de Oliveira, secretária do escritório ASD, de Alcides Santos Diniz, que viu a operação ser forjada no seu local de trabalho. Cláudio Vieira volta à CPI, mas não mostra novos papéis. Peritos atestam a falsidade dos documentos.
No dia 24 de agosto é lido e aprovado (por 16 a 5), na CPI, o relatório que atribui crimes comuns e de responsabilidade ao presidente Collor e declara sua conduta incompatível com "a dignidade, a honra e o decoro do cargo de chefe de Estado". Pelo relatório, Collor sabia das atividades de PC Farias e não as impediu.
Desde maio, com as denúncias de Pedro Collor, passeatas de estudantes começam a encher as ruas das principais cidades pedindo o impeachment de Collor. Os movimentos sociais e os partidos políticos se juntam em seguida, no "Movimento pela Ética na Política", e promovem grandes comícios em várias cidades, lembrando a mobilização da campanha por eleições diretas em 1984. Em agosto, em encontro com taxistas de Brasília, Collor pede que aqueles que o apóiam saia às ruas vestidos de verde e amarelo no domingo seguinte. O que ocorre no domingo, dia 16, é uma enorme manifestação popular contra o presidente: as pessoas vão às ruas vestidas de preto.
No correr de agosto os partidos fecham questão a favor do impeachment. Governadores (incluindo Leonel Brizola, do RJ) e prefeitos até então fiéis a Collor também se afastam. Poucos permanecem a seu lado. O PFL, que lhe dá, até então, apoio partidário, também rompe com o presidente.
Em setembro, os presidentes da Associação Brasileira de Imprensa, Barbosa Lima Sobrinho, e da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcelo Lavenère, vão à Câmara dos Deputados e entregam ao seu presidente, Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), o pedido de impeachment do presidente Collor. Instala-se uma comissão, cujo relator, Nelson Jobim (PMDB-RS), apresenta parecer favorável ao processo de impeachment. O parecer é aprovado na comissão. No dia 29, a Câmara autoriza o Senado a abrir processo de impeachment contra o presidente. São 441 votos a favor e 38 contra, com 23 ausências e 1 abstenção. Quem faz a defesa oficial de Collor na tribuna é Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), filho do governador Antônio Carlos Magalhães, da BA.
No dia 2 de outubro, Collor recebe o comunicado oficial do Senado afastando-o temporariamente da presidência pelo tempo em que durar o processo de impeachment. No mesmo dia Itamar Franco, vice-presidente, que rompera meses antes com Collor, assume o cargo. O processo, com recursos, defesas, batalhas jurídicas e novas provas se estende até o dia 29 de dezembro, quando se instala a sessão do Senado que julgará o presidente afastado Fernando Collor de Mello.
No início da sessão o advogado de defesa lê carta de renúncia de Collor. Itamar Franco toma posse em definitivo. O Senado prossegue com o julgamento e condena o ex-presidente por 76 votos a 3. Collor perde seus direitos de concorrer a cargos eletivos e de ocupar cargos públicos por 8 anos, além de ver instaurados os processos contra ele levantados pela CPI. Termina assim, de forma heróica para as forças democráticas brasileiras, e melancólica para o grupo de Collor, a aventura que se iniciara em 1989, com a vertiginosa ascensão do ex-governador de Alagoas.
Após a saída do Collor, o seu vice, Itamar Franco assum a Presidência da República. Seu maior feito foi por em prática e estabiliação da economia através do Plano Real. Criado pelo então Ministro Fernando Henrique Cardoso, o mesmo foi capaz de impetrar uma campanha à Presidência em 1994 vitoriosa tendo inclusive sua reeleição garantida em 1998.



REVISÃO SEGUNDOS HISTÓRIA TERCEIRA UNIDADE 2016

Revolução Francesa
A França, em 1789, era um país falido. Os exageros da corte, os gastos excessivos com guerras, a indisposição com a Inglaterra e os privilégios dispensados ao clero e à nobreza, fizeram aumentar a insatisfação da população.
A sociedade civil era dividida entre o clero, a nobreza e a burguesia, essa última, formada por parte da população que pagava impostos. Esse impostos eram altos, e serviam para custear a boa vida da corte, do clero e da nobreza. Esse foi um dos motivos que levaram a população a se revoltar.
A incapacidade do rei no governo também motivou a revolução. Além de levar o país à falência com a péssima administração econômica, ele ainda controlava os tribunais e fazia condenações injustas, de acordo com a sua vontade. Os presos eram levados à fortaleza da Bastilha, que depois foi invadida pela população.
O que foi a Revolução Francesa
Com tantas injustiças, a população se revoltou contra o rei e seu poder absoluto. As principais reivindicações eram o fim dos privilégios que o clero e a nobreza desfrutavam e a instauração da igualdade civil.
O movimento teve o apoio dos burgueses, que viam a má administração como um empecilho para o desenvolvimento do capitalismo. Vários intelectuais também denunciavam a situação, e buscavam conscientizar as pessoas.
Causas da Revolução Francesa
*A crise financeira sofrida pelo país antes da revolução (uma das principais causas);
*Os envolvimentos da França na Guerra de Independência dos Estados Unidos, além da participação e derrota na Guerra dos Sete Anos;
*O regime político do país, que era governado pelo absolutismo do rei;
*A ascensão da classe burguesa, que desejava mais liberdade em relação ao comércio e o fim dos altos impostos;
*O movimento cultural e intelectual iluminista, que buscava a reforma social e o fim dos pensamentos medievais;
Origem dos termos DIREITA E ESQUERDA
As ideologias “esquerda” e “direita” foram criadas durante as assembleias francesas do século 18. Nessa época, a burguesia procurava, com o apoio da população mais pobre, diminuir os poderes da nobreza e do clero. Era a primeira fase da Revolução Francesa (1789-1799).
Com a Assembleia Nacional Constituinte montada para criar a nova Constituição, as camadas mais ricas não gostaram da participação das mais pobres, e preferiram não se misturar, sentando separadas, do lado direito. Por isso, o lado esquerdo foi associado à luta pelos direitos dos trabalhadores, e o direito ao conservadorismo e à elite.
         Dentro dessa visão, ser de esquerda presumiria lutar pelos direitos dos trabalhadores e da população mais pobre, a promoção do bem estar coletivo e da participação popular dos movimentos sociais e minorias. Já a direita representaria uma visão mais conservadora, ligada a um comportamento tradicional, que busca manter o poder da elite e promover o bem estar individual.
Com o tempo, as duas expressões passaram a ser usadas em outros contextos. Hoje, por exemplo, os partidários que se colocam contra as ações do regime vigente (oposição) seriam entendidos como “de esquerda” e os defensores do governo em vigência (situação) seriam a ala “de direita”.
A Revolução Francesa foi um importante marco na História Moderna da nossa civilização. Significou o fim do sistema absolutista e dos privilégios da nobreza. O povo ganhou mais autonomia e seus direitos sociais passaram a ser respeitados. A vida dos trabalhadores urbanos e rurais melhorou significativamente. Por outro lado, a burguesia conduziu o processo de forma a garantir seu domínio social. As bases de uma sociedade burguesa e capitalista foram estabelecidas durante a revolução. Os ideais políticos (principalmente iluministas) presentes na França antes da Revolução Francesa também influenciaram a independência de alguns países da América Espanhola e o movimento de Inconfidência Mineira no Brasil.
Independência dos Estados Unidos
Antes: a colonização
O processo de independência dos Estados Unidos começa bem antes, durante a época da colonização daquele território, no século XVII. A Inglaterra foi a responsável pela colonização e manteve os Estados Unidos formados por treze colônias, que foram divididas e colonizadas de duas formas:
*Colônias do Norte: colonizadas por protestantes europeus fugitivos de perseguições religiosas. Foi chamada de Nova Inglaterra e era uma colônia de povoamento (mão-de-obra livre, economia baseada no comércio, pequenas propriedades e produção para o mercado interno).
*Colônias do Sul: colonizadas apenas por ingleses e deveriam seguir o Pacto Colonial, eram uma colônia de exploração (latifúndio, mão-de-obra escrava, produção para exportação e monocultura).
Causas da Independência dos Estados Unidos da América
O primeiro processo de independência de uma colónia deu-se no século XVIII, com a Guerra da Independência e a Declaração da Independência por parte dos habitantes das Treze Colónias.
As principais causas da independência são de diferentes tipos:
*Financeiros e Económicos:
O aumento de impostos aos colonos americanos, como forma de fazer face aos problemas financeiros da Grã-Bretanha resultantes da Guerra dos Sete Anos e da manutenção de grandes exércitos e de uma poderosa marinha militar.
O aumento de impostos sobre o melaço, o açúcar e o selo, entre outros.
O reforço do exclusivo colonial, aumentando as patrulhas de forma a impedir os colonos de fazer comércio com outros estados europeus (holandeses, espanhóis e franceses) e impedi-los de vender os seus produtos nas Antilhas, sem a aprovação da metrópole.
As Treze colónias tinham uma economia bastante produtiva e lucrativa, tendo nas colónias do Norte e do Centro uma forte indústria, uma agricultura rentável assim como um comércio e uma pesca lucrativas. As colónias do sul tinham uma economia mais baseada na agricultura, com grandes produções de cacau e algodão.
Políticas e Sociais:
As Treze Colónias tinham, cada uma delas, um parlamento local. Tal instituição tinha como objectivo reforçar a autonomia e o espírito empreendedor das colónias.
O Parlamento inglês recusou a presença de colonos americanos no Parlamento de Londres pelo que aumentou ainda mais a tensão nas colónias americanas.
As ideias iluministas influenciaram a revolução tendo criado nos colonos um espírito de união e de independência.
A sociedade das colónias americanas era marcada por uma forte burguesia com espírito empreendedor e com bastante instrução de modo que conheciam as ideias iluministas.
Todas estas causas vão terminar com os confrontos entre soldados ingleses e milícias americanas, tendo como fim a proclamação da independência das Treze Colónias Americanas, criando-se assim os Estados Unidos da América.
Conjuração Baiana x Inconfidência Mineira Diferenças e semelhanças
Tanto a Conjuração Baiana (1798) quanto a Inconfidência Mineira (1789) foram movimentos de contestação que ocorreram no final do período colonial, em um contexto de crise. Por vezes, chamamos esses movimentos de contestação de “emancipacionista” e esta é a primeira grande semelhança, mas temos outras: ambos foram influenciados pelo Iluminismo, pela independência dos Estados Unidos e pelas ideias republicanas; além disso, há também a questão dos altos impostos – cada movimento, à sua maneira, sofria com este problema.
Entre as diferenças, podemos observar a orientação dos movimentos, a Inconfidência Mineira foi um movimento elitista, já a conjuração Baiana tinha um caráter popular; na Bahia falava-se em abolição da escravidão, algo que não era cogitado pelos inconfidentes de minas.
Notamos, desse modo, que há muitas aproximações entre esses movimentos e isso pode ser entendido devido às diversas imposições da coroa portuguesa sobre a colônia, os problemas administrativos e intensa exploração dos colonos.
A Expansão Napoleônica, o Bloqueio Continental
*Napoleão e o Império –  Napoleão chegou ao poder através do golpe de 18 Brumário, em 1799, que pôs fim à Revolução Francesa ao dissolver o Diretório. A partir disso, foi concentrando o poder em suas mãos até que, em 1804, proclamou-se imperador da França.
*O Bloqueio Continental – Com a Revolução Francesa havia se iniciado uma longa luta entre a França revolucionária e os países absolutistas que se sentiam ameaçados pelo seu exemplo. Com a ascensão de Napoleão, essa luta ganhou um novo impulso. Em 1805, Inglaterra, Prússia, Áustria e Rússia uniram-se pela terceira vez contra a França, coligação que Napoleão desfez com relativa facilidade, mas não conseguiu vencer a Inglaterra. Esta, graças à sua posição insular e sua poderosa marinha, manteve-se intocável. Para fazer face ao poderio britânico, Napoleão decretou o Bloqueio Continental em 1806, fechando o continente europeu à Inglaterra. Ele procurou, assim, criar toda sorte de dificuldades econômicas, a fim de desorganizar a economia inglesa.
Todavia, o bloqueio contrariava também os poderosos interesses econômicos do continente e, logo de início, encontrou fortes oposições. Outra fragilidade do bloqueio encontrava-se no fraco desempenho das indústrias francesas, incapazes de ocupar o grande vazio deixado pelo súbito corte do fornecimento britânico. Além disso, os produtos coloniais, cuja distribuição era controlada pela Inglaterra, te­riam de encontrar substitutos adequados.
*Portugal e o bloqueio – A economia portuguesa havia muito se encontrava subordinada à inglesa. Daí a relutância de Portugal em aderir incondicionalmente ao bloqueio. Napoleão resolveu o impasse ordenando a invasão do pequeno reino ibérico. Sem chances de resistir ao ataque, a família real transferiu-se para o Brasil em 1808, sob proteção inglesa. Começou então, no Brasil, o processo que iria desembocar, finalmente, na sua emancipação política.
A Transferência da Corte para o Brasil
O duplo aspecto das guerras napoleônicas – As guerras napoleônicas (1805-1815) apresentaram dois aspectos importantes: de um lado, a luta contra as nações absolutistas do continente europeu e, de outro, contra a Inglaterra, por força das disputas econômicas entre essas duas nações burguesas.
As principais nações continentais - Áustria, Prússia e Rússia - foram subjugadas por Napoleão a partir de 1806, em razão da sua imbatível força terrestre. Entretanto, foi no confronto com a Inglaterra que as dificuldades tomaram forma, paulatinamente, até asfixiarem por completo as iniciativas napoleônicas.
Em 1806, apesar de o domínio continental estar aparentemente assegurado, a Inglaterra resistiu a Napoleão, favorecida pela sua posição insular e sua supremacia naval, sobretudo depois da batalha de Trafalgar (1805), em que a França foi privada de sua marinha de guerra.
Strangford e a política britânica para Portugal – Sem poder responder negativa ou positivamente ao ultimatum francês por ocasião do Bloqueio Continental, a situação de Portugal refletia com toda a clareza a impossibilidade de manter o status quo *. Pressionada por Napoleão, mas incapaz de lhe opor resistência, e também sem poder prescindir da aliança britânica, a Corte portuguesa estava hesitante. Qual­quer opção significaria, no mínimo, o desmoronamento do sistema colonial ou do que dele ainda restava. A própria soberania de Portugal encontrava-se ameaçada, sem que fosse possível vislumbrar uma solução aceitável. Nesse contexto, destacou-se o papel desempenhado por Strangford, que, como representante diplomático inglês, soube impor, sem vacilação, o ponto de vista da Coroa britânica.
Para a Corte de Lisboa colocou-se a seguinte situação: permanecer em Portugal e sucumbir ao domínio napoleônico ou retirar-se para o Brasil. Esta última foi à solução defendida pela Inglaterra.
A fuga da Corte para o Brasil – Indeciso, o príncipe regente D. João adiou o quanto pôde a solução, pois qualquer alternativa era danosa à monarquia.
Afinal, a iminente invasão francesa tornou inadiável o desfecho. A fuga da Corte para o Rio de janeiro, decidida na última hora, trouxe, não obstante, duas importantes conseqüências para o Brasil: a ruptura colonial e o seu ingresso na esfera de domínio da Inglaterra.
         Chegando ao Brasil, D. João estabeleceu a Corte no Rio de janeiro e em 1808 decretou a abertura dos portos às nações amigas, pondo fim, na prática, ao exclusivo metropolitano que até então restringia drasticamente o comércio do Brasil. Promoveu a montagem, de um aparelho governativo no Brasil, pela transferência de órgãos administrativos e a criação de indústrias.
Revolução Pernambucana de 1817
A Revolução Pernambucana foi um movimento social (revolta) de caráter emancipacionista ocorrido em Pernambuco no ano de 1817. É considerado um dos mais importantes movimentos de caráter revolucionário do período colonial brasileiro.
 Causas
- Insatisfação popular com a chegada e funcionamento da corte portuguesa no Brasil, desde o ano de 1808. O questionamento maior era com relação a grande quantidade de portugueses nos cargos públicos; Gerando assim um sentimento antilusitano.
- Insatisfação com impostos e tributos criados no Brasil por D. João VI a partir da chegada da corte portuguesa ao Brasil;
- Influência dos ideais iluministas, principalmente os que criticavam duramente as estruturas políticas da monarquia absolutista. Os ideais da Revolução Francesa, “liberdade, igualdade e fraternidade”, ecoavam em solo pernambucano, principalmente entre os maçons;
 - Significativa crise econômica que abatia a região, atingindo, principalmente, as camadas mais pobres da população pernambucana. A crise era provocada, principalmente, pela queda nas exportações de açúcar, principal produto da região;
 - Fome e miséria, que foram intensificadas com a seca que atingiu a região em 1816.
 Objetivo
         O movimento social pernambucano tinha como objetivo principal a conquista da independência do Brasil em relação a Portugal. Queriam implantar um regime republicano no Brasil e elaborar uma Constituição.
 Como foi a revolta
Ao saber da organização da revolta, o governador de Pernambuco ordenou a prisão dos envolvidos. Porém, os revoltosos resistiram e prenderam o governador.
Após dominar a cidade de Recife, os revoltosos implantaram um governo provisório. Para conquistar o apoio popular, o governo provisório abaixou impostos, libertou presos políticos e aumentou o salário de militares.
Os rebeldes enviaram emissários para outras províncias do norte e nordeste para derrubar os governos e ampliar a revolução. Porém, sem apoio popular significativo, estes movimentos não avançaram.
Repressão do governo e fim da revolta
Preocupado com a possibilidade de ampliação da revolta para outras províncias, D.João VI organizou uma forte repressão militar contra os rebeldes de Pernambuco. As tropas oficiais cercaram Recife. Os embates duraram 75 dias, resultando na derrota dos revoltosos. Os líderes foram presos e condenados à morte.
REVOLUÇÃO LIBERAL DO PORTO
         A Revolução Liberal do Porto foi um movimento político, ocorrido em Portugal no ano de 1820, de caráter liberal e antiabsolutista. Ele foi importante, pois teve consequências tanto em Portugal, quanto no Brasil. Foi organizado por políticos liberais e militares portugueses, tendo o Levante do Porto (24 de agosto de 1820) seu momento de início. Contou também com a participação de integrantes do clero, da nobreza e de pessoas do povo. Teve a cidade do Porto como ponto de partida, porém, rapidamente ganhou força em Lisboa e chegou a outras cidades portuguesas.
Em 28 de setembro de 1820, os governos de Lisboa e Porto uniram forças – foi formada uma Junta Provisória - para dar início a organização das eleições para formar as Cortes Constituintes, que teve a missão de formular a primeira Constituição de Portugal.
Objetivos principais
 - Forçar o retorno da corte, que estava no Brasil desde 1808, para Portugal.
 - Diminuir a influência britânica em Portugal.
 - Adotar medidas para recolonizar o Brasil, restabelecendo o Pacto Colonial (Brasil deveria voltar a comercializar exclusivamente com Portugal).
 - Enfraquecer o movimento pró-independência que crescia a cada dia no Brasil.
 - Substituir o regime absolutista pela monarquia constitucional, com uma Constituição de caráter liberal.
 Consequências:
 - Retorno, em 1821, da corte para Portugal. Porém, D. Pedro I ficou no Brasil como príncipe regente.
 - Fim do governo absolutista em Portugal e instalação de um regime político constitucional com preponderância política do poder legislativo.
 - Os portugueses colocaram em prática o plano para recolonizar o Brasil, tentando fazer com que D. Pedro I fosse para Portugal. A tentativa foi frustrada em 7 de setembro de 1822, quando ocorre a Proclamação da Independência do Brasil.
 - Em 23 de setembro de 1822, foi promulgada a Constituição Portuguesa, que acabou com o absolutismo e implantou em regime baseado na monarquia constitucional. Ela foi de grande importância para a implantação da democracia em Portugal.
Constituição de 1824
Descontente, em novembro de 1823, D. Pedro I dissolveu a Constituinte, pois a Constituição que estava sendo elaborada pelos deputados limitava o poder do imperador.  Então, D. Pedro I convocou seis ministros e alguns políticos de sua confiança para redigir a nova Constituição Brasileira. D. Pedro I também participou da redação do texto constitucional, garantindo assim a manutenção de seu poder de imperador.
         A primeira Constituição brasileira foi outorgada, por D. Pedro I, em 25 de março de 1824.
 Principais características da Constituição de 1824:
 - Concentrava poderes nas mãos do imperador, através do poder moderador.
- Só os ricos podiam votar, pois o voto era baseado em renda. Este sistema eleitoral excluiu a maioria da população brasileira do direito de escolher seus representantes.
- Igreja subordinada ao Estado.
- Manutenção do sistema que garantia os interesses da aristocracia.
O que ficou determinado pela Constituição de 1824:
- O Brasil seguiria o regime político monárquico, sendo que o poder seria transmitido de forma hereditária.
- O poder moderador, exercido pelo imperador, estava acima dos outros poderes. Através deste poder, o imperador poderia controlar e regular os outros poderes. Assim, o imperador tinha o poder absoluto sobre todas as esferas do governo brasileiro.
- Voto censitário, ou seja, para poder votar e se candidatar a pessoa deveria comprovar determinada renda.
- Estabeleceram os quatro poderes: executivo, legislativo, judiciário e moderador.
- Estabeleceu a Igreja Católica como religião oficial do Brasil. A Igreja ficou subordinada ao Estado.
- Criação do Conselho de Estado, composto por conselheiros escolhidos pelo imperador.
- Poder executivo exercido pelo imperador e ministros de Estado.
- Deputados e senadores seriam os responsáveis pela elaboração das leis do país, que seriam executadas pelo poder executivo.
- Manutenção da divisão territorial nacional em províncias.
- O imperador tinha o direito de não responder na justiça por seus atos.
- Estabelecimento de garantias e direitos individuais.


Confederação do Equador
A Confederação do Equador foi um movimento político e revolucionário ocorrido na região Nordeste do Brasil em 1824. O movimento teve caráter emancipacionista e republicano. Ganhou este nome, pois o centro do movimento ficava próximo a Linha do Equador. A revolta teve seu início na província de Pernambuco, porém, espalhou-se rapidamente por outras províncias da região (Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba).
Em Pernambuco, centro da revolta, o movimento teve participação das camadas urbanas, elites regionais e intelectuais. A grande participação popular foi um dos principais diferenciais deste movimento.
Causas principais
- Forte descontentamento com centralização política imposta por D. Pedro I, presente na Constituição de 1824;
- Descontentamento com a influência portuguesa na vida política do Brasil, mesmo após a independência;
- A elite de Pernambuco havia escolhido um governador para a província: Manuel Carvalho Pais de Andrade. Porém, em 1824, D.Pedro I indicou um governador de sua confiança para a província: Francisco Paes Barreto. Este conflito político foi o estopim da revolta.
Objetivos da revolta
- Convocação de uma nova Assembleia Constituinte para elaboração de uma nova Constituição de caráter liberal;
- Diminuir a influência do governo federal nos assuntos políticos regionais;
- Acabar com o tráfico de escravos para o Brasil;
- Organizar forças de resistências populares contra a repressão do governo central imperial;
- Formação de um governo independente na região.
Reação do governo e fim do movimento
- Sob o comando do almirante britânico Thomas Cochrane, as forças militares do império atuaram com rapidez e força para colocar fim ao movimento emancipacionista. Um dos principais líderes, Frei Caneca, foi condenado ao fuzilamento. Padre Mororó, outra importante liderança, foi executado a tiros. Outros foram condenados à prisão como foi o caso do jornalista Cipriano Barata. Muitos revoltosos fugiram para o sertão e tentaram manter o movimento vivo, porém o movimento perdeu força no mesmo ano que começou.
Período Regencial
O Período Regencial é uma época da História do Brasil entre os anos de 1831 e 1840. Quando o imperador D. Pedro I abdicou do poder em 1831, seu filho e herdeiro do trono D. Pedro de Alcântara tinha apenas 5 anos de idade. A Constituição brasileira do período determinava, neste caso, que o país deveria ser governado por regentes, até o herdeiro atingir a maioridade (18 anos).
Crise politica
A crise política deveu-se, principalmente, a disputa pelo controle do governo entre diversos grupos políticos: Restauradores (defendiam a volta de D. Pedro I ao poder); Moderados (voto só para os ricos e continuação da Monarquia) e Exaltados (queriam reformas para melhorar a vida dos mais necessitados e voto para todas as pessoas).
Revoltas
As revoltas ocorrem basicamente por dois motivos: más condições de vida de grande parte da população (mais pobres) e vontade das elites locais em aumentar seu poder e serem atendidas pelo governo.
Principais revoltas do período:
- Cabanagem (1835 a 1840) – motivada pelas péssimas condições de vida em que vivia a grande maioria dos moradores da província do Grão-Pará.
- Balaiada (1838 – 1841) – ocorreu na província do Maranhão. A causa principal foi a exploração da população mais pobre por parte dos grandes produtores rurais.

- Sabinada (1837-1838) – ocorreu na província da Bahia. Motivada pela insatisfação de militares e camadas médias e ricas da população com o governo regencial.

REVISÃO PRIMEIROS FILOSOFIA TERCEIRA UNIDADE 2016

O que é Cultura
A palavra cultura abrange várias formas artísticas, mas define tudo aquilo que é produzido a partir da inteligência humana. Ela está presente desde os povos primitivos em seus costumes, sistemas, leis, religião, em suas artes, ciências, crenças, mitos, valores morais e em tudo aquilo que compromete o sentir, o pensar e o agir das pessoas.
Cultura significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro.
Cada país tem a sua própria cultura, que é influenciada por vários fatores. A cultura brasileira é marcada pela boa disposição e alegria, e isso se reflete também na música, no caso do samba, que também faz parte da cultura brasileira.
No caso da cultura portuguesa, o fado é o patrimônio musical mais famoso, que reflete uma característica do povo português: o saudosismo.
CULTURA DE MASSAS
A cultura de massa é aquela considerada, por uma maioria, sem valor cultural real. Ela é veiculada nos meios de comunicação de massa e é apreciada por ela. É preciso entender que massa não é uma definição de classe social, e sim uma forma de se referir a maioria da população. Essa cultura é produto da indústria cultural. Há uma tendência na sociedade moderna capitalista de transformar tudo em mercadoria, fazendo com que o critério estético das pessoas passe a ser o mesmo das coisas. Esse critério funda-se na exterioridade e na lógica do mercado.
 É uma forma de cultura produzida industrialmente, e tem por objetivo a lucratividade das corporações de mídia que nela investem grande capital em máquinas e infraestrutura fabril. Utiliza tecnologia de ponta, destina-se a um grande público anônimo e impessoal e é distribuída através do mercado e depende de patrocinadores.
INDÚSTRIA CULTURAL
A indústria cultural produz conteúdo para ser consumido, não se prende a técnicas. É produto do capitalismo e feita para ser comercializada. Theodoro W. Adorno, filósofo alemão da Escola de Frankfurt, é defensor da ideia de que a cultura de massa é imposta pelos meios de comunicação de massa à população, que apenas absorve aquilo. A indústria Cultural é responsável por criar no indivíduo necessidades que ele não tinha e transformar a cultura em mercadoria. A indústria cultural produz bens culturais como mercadorias. A indústria cultural cria a ilusão de felicidade no presente e elimina a dimensão crítica. A indústria cultural ocupa o espaço de lazer do trabalhador sem lhe dar tempo para pensar sobre as condições de exploração em que vive.
 “A indústria cultural, com suas vantagens e desvantagens, pode ser caracterizada pela transformação da cultura em mercadoria, com produção em série e de baixo custo, para que todos possam ter acesso. É uma indústria como qualquer outra, que deseja o lucro e que trabalha para conquistar o seu cliente, vendendo imagens, seduzindo o seu público a ter necessidades que antes não tinham” A indústria Cultural é responsável por criar no indivíduo necessidades que ele não tinha e transformar a cultura em mercadoria.
CULTURA ERUDITA
Já a cultura erudita é aquela considerada superior, normalmente apreciada por um público com maior acúmulo de capital e seu acesso é restrito a quem possui o necessário para usufruir dela. A cultura erudita está muitas vezes ligada a museus e obras de arte, óperas e espetáculos de teatro com preços elevados. Existem projetos que levam esse tipo de cultura até as massas, colocando a preços baixos, ou de forma gratuita, concertos de música clássica e projetos culturais.

Como o acesso a esse tipo de cultura fica restrito a um grupo pequeno, ela fica ligada ao poder econômico e é considerada superior. Essa consideração pode acabar tornando-se preconceituosa e desmerecendo as outras formas de cultura. O erudito é tudo aquilo que demanda estudo muito estudo, mas não se deve pensar que uma expressão cultural popular como o hip-hop, por exemplo, é pior que uma música clássica. Os produtores da cultura erudita fazem parte de uma elite política, econômica e cultural. Ela é transmitida, legitimada e confirmada por diversas instituições sociais.
CULTURA POPULAR
A cultura popular é qualquer estilo musical e de dança, crença, literatura, costumes, artesanatos e outras formas de expressão que é transmitida por um povo, por gerações e geralmente de forma oral. Como por exemplo, a literatura de cordel dos nordestinos, ou a culinária do povo baiano, são algumas das formas de cultura popular que resiste ao tempo.
Essa cultura não é produzida após muitos estudos, mas é aprendida de forma simples, em casa, com a convivência da pessoa nesse meio. Ela está ligada à tradição e não é ensinada nas escolas. A cultura popular é muito contemporânea, pois ela resiste ao tempo e raramente se modifica.
Essa cultura vem do povo, não é imposta por uma indústria cultural ou por uma elite. Por exemplo, o carnaval é uma festa da cultura popular brasileira, o frevo é uma cultura brasileira, mas é muito mais expressiva no norte do país. Ela representa a diferença de cada povo, desde o micro até o macro.
GLOBALIZAÇÃO CULTURAL
O processo de globalização permitiu a rápida conexão entre as diferentes localidades do planeta, mesmo as mais distantes entre si. De certo modo, isso interferiu e dinamizou também a proliferação das tradições e tendências cotidianas dos diferentes lugares, naquilo que ficou conhecido como globalização cultural. Nesse sentido, é possível perceber, mesmo em nosso cotidiano, o quanto as culturas passaram a se mesclar internacionalmente e, ao mesmo tempo, preservarem-se e reproduzirem-se localmente.
Um exemplo claro é a assimilação de valores morais e culturais europeus e norte-americanos em nossa sociedade, que nos influenciam desde os tempos coloniais e persistem ainda nos dias atuais por meio dos meios de comunicação. Aspectos culturais de outros países também podem ser vistos de maneira atuante em nossa sociedade, a exemplo dos animes (desenhos japoneses característicos) e outros.
Embora a globalização da cultura tenha contribuído para essa hegemonia, muitos valores regionais mantiveram-se, ao passo que outros se reinventaram. Alguns, mesmo considerados oprimidos ou violentados pelo processo de dominação política, colonial e imperialista, mantiveram-se em um processo de resistência e até conseguiram reproduzir-se em outros territórios. Um exemplo disso é a existência de hábitos, princípios e até padrões culinários e religiosos de origem africana no Brasil, fruto da diáspora dos povos de várias etnias desse continente para o país. A globalização lida com mentalidades, hábitos, estilos de comportamento, usos e costumes e com modos de vida. Lida com a massificação e a homogeneização cultural.
A CONDIÇÃO HUMANA
Ao começar sua obra, “A condição humana”, Hannah Arendt alerta: condição humana não é a mesma coisa que natureza humana. A condição humana diz respeito às formas de vida que o homem impõe a si mesmo para sobreviver. São condições que tendem a suprir a existência do homem. As condições variam de acordo com o lugar e o momento histórico do qual o homem é parte. Nesse sentido todos os homens são condicionados, até mesmo aqueles que condicionam o comportamento de outros se tornam condicionados pelo próprio movimento de condicionar. Sendo assim, somos condicionados por duas maneiras:

Pelos nossos próprios atos, aquilo que pensamos nossos sentimentos, em suma os aspectos internos do condicionamento.
Pelo contexto histórico que vivemos a cultura, os amigos, a família; são os elementos externos do condicionamento.
Hannah Arendt organiza, sistematiza a condição humana em três aspectos:
Labor
Trabalho
Ação
O “labor” é processo biológico necessário para a sobrevivência do indivíduo e da espécie humana. O “trabalho” é atividade de transformar coisas naturais em coisas artificias, por exemplo, retiramos madeira da árvore para construir casas, camas, armários, objetos em geral. É pertinente dizer,- ainda que sedo-, para a autora, o trabalho não é intrínseco, constitutivo, da espécie humana, em outras palavras, o trabalho não é a essência do homem. O trabalho é uma atividade que o homem impôs à sua própria espécie, ou seja, é o resultado de um processo cultural. O trabalho não é ontológico como imaginado por Marx. Por último a “ação”. A ação é a necessidade do homem em viver entre  seus semelhantes, sua natureza é eminentemente social. O homem quando nasce precisa de cuidados, precisa aprender e apreender, para sobreviver. Qualquer criança recém-nascida abandonada no mato morrerá em questão de horas. Por isso dizemos que assim como outros animais o homem é um animal doméstico, porque precisa aprender e apreender para sobreviver. A mesma coisa não acontece com aqueles animais que ao nascer já conseguem sobreviver por conta própria, sem ajuda. A qualidade da ação supõe seu caráter social ou como escreve Hannah, sua pluralidade.