segunda-feira, 19 de setembro de 2016

REVISÃO TERCEIROS HISTÓRIA TERCEIRA UNIDADE 2016

O POPULISMO: VARGAS, JUCELINO KUBITSCHEK, JÂNIO QUADROS E JOÃO GOULART
O Populismo não é um sistema de governo, mas uma forma de governar. Os políticos populistas utilizam de vários expedientes para obter o apoio do povo. Pois o populismo não existe sem que exista uma grande popularidade e carisma do líder. Para isso, o político populista utiliza de uma linguagem simples e acessível a todos. Outro expediente de muita importância é a propaganda pessoal, onde o político é apresentado como diferente dos demais. Normalmente apresentado como uma espécie de salvador da pátria.
Contudo, na prática, o populista adota medidas autoritárias, desrespeitando os outros poderes (Legislativo e Judiciário), também desacredita os outros partidos políticos e ataca as instituições democráticas.
Normalmente o populismo está presente em momentos de grave crise política ou econômica e, assim, surge como única alternativa capaz de superar a crise.
O Início do Populismo no Brasil
O fim da Grande Guerra e a derrota do totalitarismo alemão e italiano marcou o desgaste das ditaduras no mundo todo. No Brasil não foi diferente. O governo autoritário de Getúlio Vargas, no Estado Novo, já não era mais aceito pelas elites industriais e pela burguesia urbana nacional. O seu período durou da ditadura Vargas ao golpe militar de 1964.
Apesar do Movimento Queremista (”Queremos Getúlio”), Vargas foi deposto em 1945. Ao aceitar o Golpe que o depôs, Getúlio passou a imagem de que era favorável a redemocratização do país. Essa estratégia ajudaria a reconduzi-lo, em 1951, à presidência.
Em lugar de Vargas, Eurico Gaspar Dutra se tornou presidente do país. O governo Dutra foi marcado pela Constituição democrática de 1946 e pela realização da Copa do Mundo de 1950.
Já em 1951, como vimos anteriormente, Getúlio Vargas retornou à presidência (“nos braços do povo” como gostava de afirmar). Entretanto, apesar do apoio popular, o último capítulo da Era Vargas foi marcado pela oposição vigorosa contra o presidente.
Após uma tentativa sem sucesso de assassinato ao jornalista Carlos Lacerda (atentado da Rua Tonelero), inimigo declarado de Vargas, a situação se tornou insustentável. Mesmo que não se tenha comprovado a participação de Getúlio, o caso levou ao isolamento do presidente.
Com isso, em 24 de agosto de 1954, Vargas se suicidou com um tiro no peito. Na carta testamento o presidente afirmou “Saio da vida para entrar na História”. Era o fim da Era Vargas.
O governo JK: “Cinquenta anos em cinco”
Após um curto período em que Café Filho ficou na presidência, Juscelino Kubitschek (JK) tomou posse para um governo bastante movimentado. O Plano de Metas de JK tinha por slogan: “cinquenta anos em cinco”, numa alusão de que o projeto para o país previa um crescimento acelerado da economia e da indústria.
E foi exatamente na indústria que Kubitschek obteve maior êxito. Ao abrir a economia nacional para o capital internacional, JK atraiu o investimento de grandes empresas. Ford, Volkswagen, Willys e General Motors se instalaram no sudeste brasileiro, especialmente no ABC paulista. Atraindo mão de obra de praticamente todas as regiões do Brasil. Fato que fez aumentar o êxodo rural (saída do homem do campo para as cidades) e a migração de nordestinos e nortistas de suas regiões para as grandes cidades do sudeste.
         Outro importante acontecimento do governo Kubitschek foi à construção de Brasília e, a consequente, transferência da sede do poder executivo e legislativo do Rio de Janeiro para a nova capital.
Apesar de muitos avanços, especialmente no aumento do número de postos de emprego e da entrada de grandes investimentos de capital estrangeiro no país, a verdade é que ao final do governo JK a dívida externa brasileira havia praticamente duplicado.
O curto período Jânio Quadros
Em 1961, Jânio Quadros foi eleito presidente do Brasil. A campanha janista foi bastante incomum. Durante a corrida eleitoral, Jânio se comportava de forma bastante displicente, guardava sanduiches nos bolsos e se penteava na frente da plateia. Sua promessa de campanha era “varrer” a corrupção do país, por esse motivo, utilizava como símbolo uma vassourinha, objeto que era distribuído como material eleitoral.
Contudo, ao assumir a presidência, mostrou-se controverso ao proibir rinhas de galo, concurso de Miss e o uso de biquíni na praia.
Apesar de tudo isso, o governo Jânio teve seus méritos, especialmente no que se refere à política externa. Afinal, a Política Externa Independente (PEI) foi iniciada ainda durante o governo janista.
A Política Externa Independente garantia ao Brasil poder de barganha tanto com países capitalistas quanto com países do Bloco Comunista. Por esse motivo, durante seu governo o Brasil manteve aberto o diálogo com os Estados Unidos, mas iniciou uma série de medidas de aproximação com Cuba (Che Guevara foi recebido em Brasília, onde foi condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul), com a China (quando Jânio renunciou à presidência, seu vice, João Goulart, estava em visita diplomática a esse país) e com a União Soviética, todos comunistas.
Contudo, alegando que “Forças terríveis se levantaram contra mim...”, Jânio renunciou no dia 21 de agosto de 1961.
Motivos da renúncia de Jânio Quadros à presidência:
- O vice-presidente João Goulart não era “bem visto” pelo Congresso Nacional e Forças Armadas. Jânio acreditava que sua renúncia não seria aceita, principalmente para que Jango não assumisse a presidência;
- Devido à popularidade alcançada durante a campanha eleitoral, Jânio acreditava que o povo não o deixaria renunciar. O ex-presidente esperava por uma comoção popular em seu favor e, assim, fortalecer seu governo.
Contudo, Jânio Quadros estava errado e o Congresso Nacional aceitou sua renúncia e o povo nada fez.
Após a renúncia de Jânio, o vice-presidente eleito, João Goulart é o sucessor legal. Mas enfrenta forte oposição contra sua posse. Enfrentando até uma tentativa frustrada de Golpe de Estado.
Como presidente, Jango manteve a Política Externa Independente na ativa. Política que mesmo após o Golpe Civil-Militar de 1964 manteve-se como a principal política externa do país.
GUERRILHAS NA AMÉRICA LATINA
HISTÓRIA DA AMÉRICA
A guerra de guerrilhas se configurou como prática de guerrilheiros na América Latina, a partir do século XX. Poucos movimentos guerrilheiros lograram êxito e conquistaram o poder.
No século XX, a guerra de guerrilhas foi amplamente difundida na América Latina. Os principais grupos de guerrilheiros latino-americanos surgiram na Colômbia, Venezuela, Peru, Guatemala, Argentina, Brasil, Nicarágua, entre outros.

Contudo, somente duas guerras de guerrilhas lograram êxito no continente americano, isto é, conquistaram o poder. A primeira foi em Cuba, no ano de 1959, na chamada Revolução Cubana, com os líderes Fidel Castro e o mártir Ernesto Che Guevara (a imagem de Che configurou-se como representação ideal-típica do guerrilheiro). O segundo movimento guerrilheiro que ostentou a tomada do poder na América Latina se deu na Nicarágua, em 1979, por meio da Frente Sandinista de Libertação Nacional. Os principais líderes foram Augusto Sandino, fundador da guerrilha nicaraguense, na década de 1920; e Daniel Ortega, que assumiu o poder no ano de 1979.
As principais ações das guerrilhas consistiram na efetivação do foquismo (ou os chamados focos), que se pautava na existência de condições objetivas, nas quais a prática revolucionária poderia ser colocada em ação. A prática da guerra de guerrilha consistia no combate em focos revolucionários a partir da luta armada, ou seja, para as guerrilhas ou guerrilheiros a luta armada consistia na única forma encontrada para combater os regimes ditatoriais presentes em vários países da América Latina e para conquistar o poder.
         Em vários países latino-americanos, os guerrilheiros de díspares concepções política-ideológicas, como nacionalistas, marxistas, guevaristas, entre outros, utilizaram a luta armada para combater as ditaturas instaladas em diferentes países latino-americanos, como nos casos do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, atuante nas décadas de 1970 e 1980, no Peru; e das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), atuantes até os dias de hoje.
No Brasil, a guerrilha de foco também existiu e foi colocada em prática pelos guerrilheiros brasileiros no ano de 1968, na conhecida Guerrilha do Araguaia, onde guerrilheiros revolucionários adotaram a luta armada como principal forma de derrubar a ditatura militar que havia sido instalada no Brasil, no ano de 1964. O foco guerrilheiro no Brasil se concentrou próximo ao rio Araguaia, na cidade de Xambioá, que naquela época pertencia ao estado de Goiás (hoje integra o estado do Tocantins), e na divisa dos atuais estados do Pará e Maranhão.
No final da década de 1960 e início de 1970, a Guerrilha do Araguaia foi duramente combatida pelo exército brasileiro. Sob o crivo do então presidente militar, Garrastazu Médici, vários guerrilheiros foram mortos e torturados pelos militares brasileiros. Até os dias atuais vários corpos de guerrilheiros que combateram na Guerrilha do Araguaia não foram encontrados.
Portanto, as tentativas de guerrilhas na América Latina não lograram êxito, com exceção de Cuba e Nicarágua (como foi dito acima), por diversos fatores: o primeiro seria o fato de as guerrilhas terem sido organizadas em locais isolados e remotos, como no caso da Guerrilha do Araguaia. O segundo fator foi a preponderância da questão militar sobre a questão política; e o terceiro fator que decretou a falência das guerrilhas foi a pouca importância dada às particularidades históricas de cada região/país. Dessa forma, as guerrilhas na América Latina decretaram falência.
O Governo Allende
Em 1970 salvador Allende foi eleito presidente do Chile, representando a Unidade Popular. Esse agrupamento político era formado por socialistas, comunistas, setores católicos e liberais do partido Radical e do Partido Social Democrata, e contava com grande apoio dos trabalhadores urbanos e camponeses.
O governo Allende pretendia "construir uma sociedade socialista em liberdade, pluralismo e democracia" e estava comprometido com o processo de nacionalização da economia, com a reforma agrária e com a elevação do nível de vida dos trabalhadores, ou seja, acreditava que as reformas sócio econômicas graduais pudessem fortalecer as massas trabalhadoras e ao mesmo tempo e ao mesmo tempo destruir o predomínio econômico e imperialista, abrindo caminho para a construção de uma sociedade socialista.
Durante o primeiro ano de governo foram realizadas importantes mudanças, incluindo a reforma Constitucional de 1971, que passou a considerar como propriedade do Estado todas as riquezas do subsolo.
No entanto, as pressões do imperialismo norte americano e das elites chilenas fizeram-se sentir a partir do ano seguinte, destacando-se o lockout (paralisação) dos proprietários de caminhões, responsável por grave crise de abastecimento e uma série de boicotes contra o governo popular.
Cabe destacar que a importante vitória da Unidade popular em 1970 e as medidas progressistas do governo desde então, não eram uma garantia de poder completo, na medida em que as demais instituições do Estado - o Congresso e o Poder Judiciário - continuavam sob controle da burguesia. Se de um lado as forças de esquerda exigiam maior radicalização para superar os obstáculos impostos, por outro, os setores conservadores do próprio governo exigiam maior flexibilidade com o objetivo de superar as dificuldades. Nesse sentido Allende incorporou a seu ministério alguns militares legalistas, garantindo a estabilidade institucional, fato que permitiu a vitória da Unidade Popular nas eleições para o Congresso Nacional em março de 1973.
A partir de junho desse ano, a reação conservadora tornou-se mais intensa: levantes militares, atentados terroristas, greves.
Destacam-se ao mesmo tempo as divisões internas ao governo, uma vez que a Unidade Popular era uma frente política formada por partidos e grupos diferentes. Se o Partido Comunista defendia a via pacífica para o socialismo, apoiando as atitudes de Allende, o MIR (Movimento de Izquierda Revolucionário) realizava maior pressão no sentido da radicalização.
Por último havia no Chile uma ilusão em relação às Forças Armadas, na medida em que, na história do país praticamente não haviam interferido diretamente no processo político. No entanto, a Doutrina Truman e a revolução Cubana fizeram com que núcleos fascistas se organizassem no interior da estrutura militar e que, apoiada pelos EUA seria a responsável pelo golpe de Setembro, que derrubou o governo popular.
O Golpe iniciou-se em Valparaíso com um levante da Marinha na madrugada de 11 de setembro e recebeu a adesão, na capital, das três armas e do Corpo de Cabineiros, numa operação comandada pelo general Augusto Pinochet. Os confrontos nas ruas foram caracterizados pelo massacre nos bairros operários e fábricas ocupadas responsável por cerca de 10 mil mortos e milhares de prisões; o ataque ao Palácio de La Moneda, onde Allende resistiu e acabou assassinado, completou a vitória da extrema direita e da CIA sobre as forças populares chilenas.
Ditadura Militar no Brasil
Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar.
 O golpe militar de 1964
         A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.
         Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.

Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de estar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.
         No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país.
         Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.
         O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este cassa mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a estabilidade de funcionários públicos.
 GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)
         Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Nacional presidente da República em 15 de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém ao começar seu governo, assume uma posição autoritária.
         Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam intervenção do governo militar.
Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estava autorizado o funcionamento de dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o segundo representava os militares.
         O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação.
 GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)
         Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil.
         Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábricas em protesto ao regime militar.
A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e seqüestram embaixadores para obterem fundos para o movimento de oposição armada.
         No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial.
GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969)
         Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica).

Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei decretava o exílio e a pena de morte em casos de "guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva".
         No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas forças de repressão em São Paulo.
 GOVERNO MÉDICI (1969-1974)
         Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como "anos de chumbo ". A repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censurados. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna ) atua como centro de investigação e repressão do governo militar.
Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas forças militares.
O Milagre Econômico
         Na área econômica o país crescia rapidamente. Este período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma base de infraestrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi.
         Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os padrões econômicos do Brasil.
 GOVERNO GEISEL (1974-1979)
         Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que começa um lento processo de transição rumo à democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a recessão mundial interferem na economia brasileira, no momento em que os créditos e empréstimos internacionais diminuem.
         Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A oposição política começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes cidades.
         Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante.
         Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.
 GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)
         A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o processo de redemocratização. O general João Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos. Os militares de linha dura continuam com a repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30 de Abril de 1981, uma bomba explode durante um show no centro de convenções do Rio Centro. O atentado fora provavelmente promovido por militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido provado.
Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluripartidarismo no país. Os partidos voltam a funcionar dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como: Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Não podemos esquecer-nos das músicas que fizeram parte deste período tão conturbado da História do Brasil como a canção “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré marcando o início da fase mais dura da Ditadura Militar com o AI5. A canção “o Bêbado e o equilibrista” que virou o hit do período da Anistia e finalizando com “Coração de Estudante” interpretada por Milton Nascimento que foi a canção mais executada no período da convalescência e morte de Tancredo Neves.  
O QUE FOI A OPERAÇÃO CONDOR?
A Operação Condor foi uma ação conjunta de repressão a opositores das ditaduras instaladas nos seis países do Cone Sul: Brasil, a Argentina, o Chile, a Bolívia, o Paraguai e Uruguai. A função principal era neutralizar e reprimir os grupos que se opunham aos regimes militares montados na América Latina, como os Tupamanos no Uruguai, os Montoneros na Argentina, o MIR no Chile, etc. Montada em meados dos anos 1970, a Operação durou até o período de redemocratização da região, na década seguinte. A operação, liderada por militares da América Latina, foi batizada com o nome do condor, ave típica dos Andes e símbolo da astúcia na caça às suas presas.
A Guerra Fria na América Latina atingiu seu auge naquela época, quando os exércitos deixaram em segundo plano os inimigos além das fronteiras para combater inimigos internos. Esta idéia foi desenvolvida pelos EUA na Escola das Américas e disseminada pelas Escolas Nacionais de Guerra em países sul-americanos, através da "Doutrina de Segurança Nacional", com o apoio de serviços secretos no modelo da CIA. A população ficou dividida entre aqueles que apoiavam as ditaduras militares e os que se opunham, taxados de comunistas e subversivos, acusados de ter como objetivo conquistar país por país através de guerras revolucionárias. Como conseqüência, não se fazia distinção entre aqueles que meramente criticavam os regimes e os que pegavam em armas. Toda uma geração de líderes e intelectuais foi então dizimada. Partidos políticos, sindicatos, organizações estudantis e organizações de direitos humanos foram banidas e perseguidas.
A Explicação da operação Condor pela Comissão Nacional da Verdade
A Operação Condor, formalizada em reunião secreta realizada em Santiago do Chile no final de outubro de 1975, é o nome que foi dado à aliança entre as ditaduras instaladas nos países do Cone Sul na década de 1970 — Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai — para a realização de atividades coordenadas, de forma clandestina e à margem da lei, com o objetivo de vigiar, sequestrar, torturar, assassinar e fazer desaparecer militantes políticos que faziam oposição, armada ou não, aos regimes militares da região.
O GT Operação Condor da Comissão Nacional da Verdade examinou um conjunto de documentos, obtidos junto a acervos no Brasil, Argentina, Estados Unidos e Paraguai, que atestam a participação de órgãos e agentes da ditadura brasileira em atividades que, no marco da Operação Condor, serviram para a preparação de operações clandestinas que resultaram em graves violações aos direitos humanos de cidadãos brasileiros no exterior, assim como de estrangeiros no Brasil.
Há fortes indícios de que essa ação conjunta entre os governos do Cone Sul contou não apenas com o conhecimento, mas também com o apoio do governo norte-americano, como demonstram documentos secretos divulgados pelo Departamento de Estado em 2001.
Em 1992, foi comprovada, através de documentos encontrados no Paraguai, a existência de um acordo costurado por todos os países do Cone Sul com o intento de facilitar a cooperação na repressão aos grupos e indivíduos opositores dos regimes militares que então governavam o Cone Sul. A operação, que começou como uma troca de informações entre os diversos países e a colaboração entre suas polícias secretas, passou aos poucos a envolver níveis mais altos de violência e desrespeito aos direitos humanos, com a troca de presos políticos, seqüestros e assassinatos.
A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já
         Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.
Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.
         No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal.
         Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país.  Trazendo enfim a eleição direta para Presidência da República em 1989 tendo como vitorioso o candidato do PRN Fernando Collor de Melo.
O Impeachment do Presidente Collor
O governo Collor entra no seu segundo ano acumulando fracassos na economia e dificuldades políticas tanto na relação com os partidos quanto nas relações sociais. Aproxima-se do sistema político tradicional, sobretudo do PFL, com mudanças ministeriais entre janeiro e março, mês em que há uma renúncia coletiva dos ministros, mas na verdade só uma parte deles foi trocada. A linha é de trocar os amigos vindos de Alagoas por nomes de partidos ou de peso acadêmico.
Marcílio Marques Moreira conduz a economia no estilo "feijão-com-arroz", juros altíssimos, inflação idem. Collor parece compor aos poucos imagem menos agressiva. Mas em maio estoura a bomba: seu irmão, Pedro Collor, com quem brigara por conta do controle dos negócios da família em Alagoas, dá longa entrevista à revista Veja acusando o presidente de corrupção.
Desde a campanha eleitoral vinham à tona denúncias de que Collor e seu tesoureiro, Paulo César Farias, o PC, coordenavam um esquema de captação de dinheiro de empresários. No seu governo em Alagoas (fora eleito em 1986 e renunciara em 1989 para disputar a Presidência), Collor já fora alvo de acusações do mesmo teor. Durante a Presidência, desde o primeiro ano, vários integrantes do governo saíram do cargo dizendo ter recebido propostas de PC, em nome de Collor, para favorecer determinados empresários.
Na entrevista, Pedro Collor confirma que Collor e PC são sócios num esquema de corrupção que capta dinheiro de empresários em troca de informações e decisões econômicas. (A própria ministra Zélia se verá depois envolvida nas denúncias com decisões sobre exportações de café e sobre tarifas de transportes públicos.) Diz também que os dois têm contas no exterior e apresenta um dossiê comprovando suas afirmações.
Pedro é demitido pela mãe da presidência da empresa de telecomunicações da família, em Alagoas - aliás, pivô das denúncias: Collor e PC montavam outra empresa local para concorrer com a presidida por Pedro. Depois, submete-se a exame de sanidade mental em São Paulo, que confirma seu estado normal, colocado sob suspeita por Collor.
Instala-se, em junho, uma CPI no Congresso Nacional, presidida por Benito Gama (PFL-BA) e relatada por Amir Lando (PMDB-RO). O senador Espiridião Amin (PDS-SC) abre mão de sua vaga na Comissão e quem assume é o senador José Paulo Bisol (PSB-RS), dando a maioria à oposição. Integrantes do governo Collor são chamados a depor e começam a surgir evidências e provas de que Pedro Collor falara a verdade. O próprio Pedro Collor e PC Farias também depõem.
Gastos exorbitantes de Collor e de sua esposa (também já denunciada em 1990 por desvios de verbas na LBA, presidida por ela) pagos por PC começam a ser revelados: apartamentos em Maceió, viagens, reforma suntuosa da Casa da Dinda (residência de Collor em Brasília), automóveis etc. Mas o passo decisivo foi dado quando Francisco Eriberto França, ex-motorista de Ana Acioli, secretária particular de Collor, revela, em entrevista à revista Isto É, que pegava dinheiro e cheques nas empresas de PC para efetuar pagamentos de despesas de Collor. Em julho, Eriberto depõe na CPI e confirma as denúncias.
Collor nega, em rede nacional, que tenha envolvimento com PC, de quem se diz afastado há muito tempo. Mas a CPI descobre que eles se falam por telefone com grande freqüência. Descobre também, mais tarde, que Collor, PC e Ana Acioli sacaram dinheiro de suas contas antes do confisco determinado pelo Plano Collor, em março de 1990. O TCU, pela primeira vez em 56 anos, recusa a prestação de contas do governo relativas a 1991 em função do grande número de irregularidades.
Todos os envolvidos têm seus sigilos bancários e telefônicos quebrados e desvendam-se várias contas fantasmas (com titulares falsos) movimentadas pela secretária de Collor, pelas quais o dinheiro da corrupção se destinava às despesas de Collor. Outros integrantes do governo e da própria família de Collor também recebem depósitos oriundos das empresas de PC Farias.
Cláudio Vieira, secretário particular de Collor, depõe, pela segunda vez, em julho e diz, com documentos, que as despesas de Collor são pagas com recursos sobrantes de um empréstimo de US$ 5 milhões contraído no Uruguai para serem utilizados na campanha presidencial, Collor e os empresários Luis Estevão e Paulo Otávio, de Brasília, teriam sido os fiadores. A CPI exige outros documentos que comprovem o empréstimo.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) denuncia na tribuna a falsidade dos documentos apresentados por Cláudio Vieira. Leva junto a secretária Sandra Ferreira de Oliveira, secretária do escritório ASD, de Alcides Santos Diniz, que viu a operação ser forjada no seu local de trabalho. Cláudio Vieira volta à CPI, mas não mostra novos papéis. Peritos atestam a falsidade dos documentos.
No dia 24 de agosto é lido e aprovado (por 16 a 5), na CPI, o relatório que atribui crimes comuns e de responsabilidade ao presidente Collor e declara sua conduta incompatível com "a dignidade, a honra e o decoro do cargo de chefe de Estado". Pelo relatório, Collor sabia das atividades de PC Farias e não as impediu.
Desde maio, com as denúncias de Pedro Collor, passeatas de estudantes começam a encher as ruas das principais cidades pedindo o impeachment de Collor. Os movimentos sociais e os partidos políticos se juntam em seguida, no "Movimento pela Ética na Política", e promovem grandes comícios em várias cidades, lembrando a mobilização da campanha por eleições diretas em 1984. Em agosto, em encontro com taxistas de Brasília, Collor pede que aqueles que o apóiam saia às ruas vestidos de verde e amarelo no domingo seguinte. O que ocorre no domingo, dia 16, é uma enorme manifestação popular contra o presidente: as pessoas vão às ruas vestidas de preto.
No correr de agosto os partidos fecham questão a favor do impeachment. Governadores (incluindo Leonel Brizola, do RJ) e prefeitos até então fiéis a Collor também se afastam. Poucos permanecem a seu lado. O PFL, que lhe dá, até então, apoio partidário, também rompe com o presidente.
Em setembro, os presidentes da Associação Brasileira de Imprensa, Barbosa Lima Sobrinho, e da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcelo Lavenère, vão à Câmara dos Deputados e entregam ao seu presidente, Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), o pedido de impeachment do presidente Collor. Instala-se uma comissão, cujo relator, Nelson Jobim (PMDB-RS), apresenta parecer favorável ao processo de impeachment. O parecer é aprovado na comissão. No dia 29, a Câmara autoriza o Senado a abrir processo de impeachment contra o presidente. São 441 votos a favor e 38 contra, com 23 ausências e 1 abstenção. Quem faz a defesa oficial de Collor na tribuna é Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), filho do governador Antônio Carlos Magalhães, da BA.
No dia 2 de outubro, Collor recebe o comunicado oficial do Senado afastando-o temporariamente da presidência pelo tempo em que durar o processo de impeachment. No mesmo dia Itamar Franco, vice-presidente, que rompera meses antes com Collor, assume o cargo. O processo, com recursos, defesas, batalhas jurídicas e novas provas se estende até o dia 29 de dezembro, quando se instala a sessão do Senado que julgará o presidente afastado Fernando Collor de Mello.
No início da sessão o advogado de defesa lê carta de renúncia de Collor. Itamar Franco toma posse em definitivo. O Senado prossegue com o julgamento e condena o ex-presidente por 76 votos a 3. Collor perde seus direitos de concorrer a cargos eletivos e de ocupar cargos públicos por 8 anos, além de ver instaurados os processos contra ele levantados pela CPI. Termina assim, de forma heróica para as forças democráticas brasileiras, e melancólica para o grupo de Collor, a aventura que se iniciara em 1989, com a vertiginosa ascensão do ex-governador de Alagoas.
Após a saída do Collor, o seu vice, Itamar Franco assum a Presidência da República. Seu maior feito foi por em prática e estabiliação da economia através do Plano Real. Criado pelo então Ministro Fernando Henrique Cardoso, o mesmo foi capaz de impetrar uma campanha à Presidência em 1994 vitoriosa tendo inclusive sua reeleição garantida em 1998.



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