A origem dos povos americanos.
Os habitantes do continente
americano descendem de populações advindas da Ásia, sendo que os vestígios mais
antigos de sua presença na América, obtidos por meio de estudos arqueológicos,
datam de 11 a 12,5 mil anos. Todavia, ainda não se chegou a um consenso acerca
do período em que teria havido a primeira leva migratória.
Os povos indígenas que hoje vivem
na América do Sul são originários de povos caçadores que aqui se instalaram,
vindo da América do Norte através do istmo do Panamá, e que ocuparam virtualmente
toda a extensão do continente há milhares de anos. De lá para cá, estas
populações desenvolveram diferentes modos de uso e manejo dos recursos naturais
e formas de organização social distintas entre si.
Não existe consenso também, entre
os arqueólogos, sobre a antiguidade da ocupação humana na América do Sul. Até
há alguns anos, o ponto de vista mais aceito sobre este assunto era o de que os
primeiros habitantes do continente sul-americano teriam chegado há pouco mais
de 11 mil anos.
No Brasil, a presença humana está
documentada no período situado entre 11 e 12 mil anos atrás. Mas novas
evidências têm sido encontradas na Bahia e no Piauí que comprovariam ser mais
antiga esta ocupação, com o que muitos arqueólogos não concordam. Assim, há uma
tendência cada vez maior de os pesquisadores reverem essas datas, já que
pesquisas recentes vêm indicando datações muito mais antigas.
Civilização Maia
O povo maia habitou a região das
florestas tropicais das atuais Guatemala, Honduras e Península de Yucatán
(região sul do atual México). Viveram nestas regiões entre os séculos IV a.C e
IX a.C. Entre os séculos IX e X , os toltecas invadiram essas regiões e
dominaram a civilização maia.
Nunca chegaram a formar um
império unificado, fato que favoreceu a invasão e domínio de outros povos. As
cidades formavam o núcleo político e religioso da civilização e eram governadas
por um estado teocrático. O império maia era considerado um representante dos
deuses na Terra.
A zona urbana era habitada apenas
pelos nobres (família real), sacerdotes (responsáveis pelos cultos e
conhecimentos), chefes militares e administradores do império (cobradores de
impostos). Os camponeses, que formavam a base da sociedade, artesão e
trabalhadores urbanos faziam parte das camadas menos privilegiadas e tinham que
pagar altos impostos.
A base da economia maia era a
agricultura, principalmente de milho, feijão e tubérculos. Suas técnicas de
irrigação eram muito avançadas. Praticavam o comércio de mercadorias com povos
vizinhos e no interior do império.
Ergueram pirâmides, templos e
palácios, demonstrando um grande avanço na arquitetura. O artesanato também se
destacou: fiação de tecidos, uso de tintas em tecidos e roupas.
A religião deste povo era
politeísta, pois acreditavam em vários deuses ligados à natureza. Elaboraram um
eficiente e complexo calendário que
estabelecia com exatidão os 365 dias do ano.
Assim como os egípcios, usaram
uma escrita baseada em símbolos e desenhos (hieróglifos). Registravam
acontecimentos, datas, contagem de impostos e colheitas, guerras e outros dados
importantes.
Desenvolveram muito a matemática,
com destaque para a invenção das casas decimais e o valor zero.
Civilização Asteca
Povo guerreiro, os astecas
habitaram a região do atual México entre os séculos XIV e XVI. Fundaram no
século XIV a importante cidade de Tenochtitlán (atual Cidade do México), numa
região de pântanos, próxima do lago Texcoco.
A sociedade era hierarquizada e
comandada por um imperador, chefe do exército. A nobreza era também formada por
sacerdotes e chefes militares. Os camponeses, artesãos e trabalhadores urbanos
compunham grande parte da população. Esta camada mais baixa da sociedade era
obrigada a exercer um trabalho compulsório para o imperador, quando este os
convocava para trabalhos em obras públicas (canais de irrigação, estradas,
templos, pirâmides).
Durante o governo do imperador
Montezuma II (início do século XVI), o império asteca chegou a ser formado por
aproximadamente 500 cidades, que pagavam altos impostos para o imperador. O
império começou a ser destruído em 1519 com as invasões espanholas. Os
espanhóis dominaram os astecas e tomaram grande parte dos objetos de ouro desta
civilização. Não satisfeitos, ainda escravizaram os astecas, forçando-os a
trabalharem nas minas de ouro e prata da região.
Os astecas desenvolveram muito as
técnicas agrícolas, construindo obras de drenagem e as chinampas (ilhas de
cultivo), onde plantavam e colhiam milho, pimenta, tomate, cacau etc. As
sementes de cacau, por exemplo, eram usadas como moedas por este povo.
O artesanato a era riquíssimo,
destacando-se a confecção de tecidos, objetos de ouro e prata e artigos com
pinturas.
A religião era politeísta, pois
cultuavam diversos deuses da natureza (deus Sol, Lua, Trovão, Chuva) e uma
deusa representada por uma Serpente Emplumada. A escrita era representada por
desenhos e símbolos. O calendário maia foi utilizado com modificações pelos
astecas. Desenvolveram diversos conceitos matemáticos e de astronomia.
Na arquitetura, construíram
enormes pirâmides utilizadas para cultos religiosos e sacrifícios humanos.
Estes, eram realizados em datas específicas em homenagem aos deuses.
Acreditavam, que com os sacrifícios, poderiam deixar os deuses mais calmos e
felizes.
Civilização Inca
Os incas viveram na região da
Cordilheira dos Andes (América do Sul ) nos atuais Peru, Bolívia, Chile e
Equador. Fundaram no século XIII a capital do império: a cidade sagrada de
Cusco. Foram dominados pelos espanhóis em 1532.
O imperador, conhecido por Sapa
Inca era considerado um deus na Terra. A sociedade era hierarquizada e formada
por: nobres (governantes, chefes militares, juízes e sacerdotes), camada média
( funcionários públicos e trabalhadores especializados) e classe mais baixa
(artesãos e os camponeses). Esta última camada pagava altos tributos ao
rei em mercadorias ou com trabalhos em
obras públicas.
Na arquitetura, desenvolveram
várias construções com enormes blocos de
pedras encaixadas, como templos, casas e palácios. A cidade de Machu
Picchu foi descoberta somente em 1911 e revelou toda a eficiente estrutura urbana
desta sociedade. A agricultura era extremamente desenvolvida, pois plantavam
nos chamados terraços (degraus formados nas costas das montanhas). Plantavam e
colhiam feijão, milho (alimento sagrado) e batata. Construíram canais de
irrigação, desviando o curso dos rios para as aldeias. A arte destacou-se pela
qualidade dos objetos de ouro, prata, tecidos e jóias.
Domesticaram a lhama (animal da
família do camelo) e utilizaram como meio de transporte, além de retirar a lã ,
carne e leite deste animal. Além da lhama, alpacas e vicunhas também eram
criadas.
A religião tinha como principal
deus o Sol (deus Inti). Porém, cultuavam também animais considerados sagrados
como o condor e o jaguar. Acreditavam num criador antepassado chamado Viracocha
(criador de tudo).
Criaram um interessante e eficiente
sistema de contagem : o quipo. Este era um instrumento feito de cordões
coloridos, onde cada cor representava a contagem de algo. Com o quipo,
registravam e somavam as colheitas, habitantes e impostos. Mesmo com todo
desenvolvimento, este povo não desenvolveu um sistema de escrita.
A África dos grandes
reinos e impérios
Antes de os europeus escravizarem
os africanos, a partir do século XV, e colonizarem a África, no século XIX,
diversas sociedades autônomas já existiam nesse continente, ou seja, as
sociedades africanas já tinham a sua própria história. Algumas sociedades africanas
pré-coloniais, sob o comando de chefes poderosos, ampliaram suas áreas de
influência e dominaram outros povos, transformando-se, assim, em impérios e
reinos prósperos e organizados, conforme relatos da época.
A África é cercada a nordeste
pelo mar Vermelho, ao norte pelo Mediterrâneo, a oeste pelo oceano Atlântico e
a leste pelo oceano Índico. Em termos geográficos, suas principais marcas são o
deserto do Saara ao norte que divide o continente, o deserto do Calahari a
sudoeste, a floresta tropical do centro do continente, as savanas, ou campos de
vegetação esparsa e rasteira, que separam áreas desérticas de áreas de
florestas, e algumas terras altas, como aquelas nas quais nascem os rios que
formam o Rio Nilo. Os rios são os meios de comunicação mais importantes do
continente.
Essas diversidades naturais
levaram estudiosos a falar de duas Áfricas, demarcadas pelo deserto do Saara: a
África saariana que se localiza ao norte do continente e estende-se pela região
que vai do atual Egito até Marrocos e a África subsaariana que estende-se do
Saara até o Cabo da Boa Esperança, ao sul do continente.
O reino de Gana: a “terra do ouro”
Localizado a oeste do continente
africano, em uma zona chamada Sael e ao sul do Deserto do Saara, região também
conhecida como África Subsaariana, o Reino de Gana cresceu a partir do ano 300
e teve seu apogeu entre os séculos IX e X, quando dominou os povos vizinhos e
ocupou uma faixa territorial maior do que ocupa nos dias de hoje.
O rei recebia o título de gana e
era visto como elo entre os deuses e os homens. Ele liderava um poderoso
exército e ocupava o topo de uma sociedade hierarquizada. Sacerdotes, nobres e
funcionários cuidavam da administração do reino.
A população se dedicava à
agricultura e à criação de gado, mas o comércio era a principal atividade
econômica do reino. O Reino de Gana controlava as rotas de comércio que
atravessavam o Saara e chegava às cidades e aos portos do norte África. Esse
comércio era feito por meio de caravanas de camelos, pois esses animais
conseguem viver com pouca quantidade de água.
O principal artigo transportado
era o ouro retirado das minas do sul de Gana, isso explica por que seus reis
eram chamados pelos povos do norte de “senhores do ouro”. Durante o domínio
português, Gana era chamada de Costa de Ouro, por causa da grande quantidade de
jazidas de ouro nessa região. Atualmente, ao lado da exportação de cacau e de
madeira, a exploração de ouro ainda é uma das atividades econômicas mais
importantes do país. Gana é um dos maiores produtores de ouro do mundo.
Também se comercializava o sal,
extraído das salinas do litoral ou das jazidas no deserto. Do norte vinham produtos
manufaturados, tecidos europeus asiáticos, barras de cobre, contas de vidro e
tipos diferentes de arma que abasteciam as sociedades africanas.
O império do Mali: o “lugar onde o senhor reside”
Este império desenvolveu-se entre
os séculos XIII e XVI, período em que impôs sua hegemonia sobre a bacia do Rio
Níger. Constituído pela atual República de Mali e algumas regiões dos atuais
Senegal e Guiné, o reino do Mali, no século XIV, expandiu-se por meio da
anexação das cidades de Tombuctu, Gao e Djenne que foram importantes cidades,
centros de troca e de concentração de pessoas, graças à rede de rios que
fertilizava as terras e facilitava o transporte na região.
O Mali era um império poderoso,
pois controlava o comércio transaariano e as rotas caravaneiras que se dirigiam
para as principais cidades do reino, localizados em sua maioria às bordas do
Rio Níger, semelhante a rota comercial de Gana. O comércio e principalmente as
taxas sobre o tráfico de ouro, sal, escravos, marfim, noz-de-cola e outros produtos
eram fundamentais para a manutenção do Estado, da corte e do mansa. O
artesanato era bastante desenvolvido. Cada grupo de artesãos tinha seu
representante junto ao imperador. Os governantes do Mali recebiam o título de
mansa. Viajantes árabes relatavam histórias de alguns governantes que se
tornaram famosos, como Sundiata, herói fundador que reinou de 1230 a 1255, e
Mansa Musa, que governou entre 1312 e 1337.
A cidade de Tombuctu destacou-se
como grande centro cultural do continente africano, onde havia vastas
bibliotecas, madrassas (universidades islâmicas) e magníficas mesquitas que é o
lugar onde a comunidade muçulmana se reúne para tratar de todas as questões que
lhe interessa, questões religiosas, sociais, políticas e locais e também para
rezar. Além disso, a cidade passou a ser o ponto de encontro de poetas,
intelectuais e artistas da África e do Oriente Médio. Mesmo após o declino do
império, Tombuctu permaneceu como um dos principais pólos islâmicos da África
subsaariana. Em 1988, a cidade de Timbuctu foi declarada patrimônio mundial
pela UNESCO.
Vale destacar que as 150 escolas
que existiam em Tombuctu eram muito diferentes das escolas medievais européias.
Não possuíam uma administração central, registros de estudantes ou cursos pré-
determinados. Eram formadas por diversas faculdades independentes. Os
estudantes se associavam a um único professor, o objetivo do ensino era
transmitir os ensinamentos do Alcorão, livro sagrado do islamismo.
É importante mencionar que o
império do Mali e também de Gana assimilaram a cultura e a religião islâmica.
Maomé que viveu entre Meca e Medina, de 570 a 632, foi fundador do Islã, que
significa submissão a um deus, única e onipotente. A religião vinha acompanhada
de maneiras de viver e de governar próprias do mundo árabe, chamadas de
muçulmanas, sobre este assunto estudaremos com mais detalhes mais adiante.
Reino do Congo: “saudações ao manicongo”
Fundado no século XIV, o reino do
Congo abrangia grande extensão da África centro-ocidental e se compunha de
diversas províncias, governado por um rei que recebia o título de Manicongo.
Hoje a região que fazia parte do reino Congo, recebe o nome de Republica
Democrática do Congo.Os habitantes do reino do Congo organizavam-se em vários
clãs. Esses clãs eram compostos de pessoas que acreditavam descender de um
mesmo antepassado.
A base da economia do Congo era a
agricultura, pastoreio e o comércio. O comércio no território do Congo era
intenso, os comerciantes congoleses lucravam com a comercialização de tecidos,
sal, metais e derivados de animais, como o marfim. O comércio poderia ser à
base de trocas ou com moedas (conchas chamadas de nzimbu) encontradas na região
de Luanda em Angola.
O manicongo, cercado de seus
conselheiros, controlava o comércio, o trânsito de pessoas, recebia impostos,
exercia a justiça, buscava garantir a harmonia da vida do reino e das pessoas
que viviam nele.
Os limites do reino eram traçados
pelo conjunto de aldeias que pagavam tributos ao poder central, devendo
fidelidade a ele, recebendo proteção, tanto para assuntos deste mundo como para
os assuntos do além, pois manicongo também era responsável pelas boas relações
com os espíritos e os ancestrais.
Em 1483 iniciou no reino do Congo
o contato com os portugueses.
Reino do Benin: “os feitos de obá”
Há indícios de que este reino
tenha se desenvolvido entre os séculos XII e XIII, onde hoje estão Nigéria e
Camarões. Desde cedo, essa região passou por um processo de urbanização, e as
cidades se converteram em reinos. Sua localização favorecia o encontro de
mercadores.
A principal atividade econômica
do reino de Benim era o comércio de sal, peixe seco, inhame, dendê, feijão,
animais de criação, o cobre, produto raro, só possível para os mais poderosos,
ou seja , os mais ricos. Produtos como pimenta, marfim, tecidos e escravos eram
comercializados ativamente com os reinos de Ifê e o reino Iorubá. Para prevenir
a redução da população nativa, o governo proibiu a exportação de escravos
masculinos e os importou da África ocidental para comerciá-los com os europeus
a partir do século XVI.
Cronistas descreveram a cidade do
Benin com grandes muralhas e um palácio decorados com placas de latão presas às
paredes. Nessas placas, era contada a história do reino: feitos do obá (titulo
do principal chefe do reino que se tornou o supremo poder na região), as
caçadas, as guerras e os primeiros contatos com os portugueses, por volta de
1485. A chegada dos europeus foi registrada pelos artistas africanos com
imagens esculpidas nessas placas e em pequenas estatuetas de marfim.
O reino de Benin se desintegrou
no século XIX, sob o domínio dos ingleses.
O contato entre os reinos africanos
A interação destes reinos acima
estudados, e demais reinos africanos ocorreu através do comércio, ora através
de relações pacificas , ora conflituosas, como foi o caso do reino de Gana que
no século XIII foi governado por Sundiata Keita, rei do Império do Mali.
Quando os europeus começaram a
explorar a costa africana, no século XV, encontraram diferentes povos, com
línguas, tradições e costumes distintos. O contato dos europeus com essa
diversidade de etnias, por meio da exploração das terras africanas e do
escravismo, produziu um intercâmbio cultural que se pode notar em quase todo o
planeta. No Brasil podemos reconhecer a África na capoeira, embalada pelo
berimbau; a culinária, enriquecida com o vatapá, o caruru e outros quitutes; as
influências musicais do batuque e a ginga do samba e dos instrumentos como cuícas,
atabaques e agogôs. Estamos ligados ao continente africano de forma
indissolúvel.
COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA ESPANHOLA
A expansão do comércio europeu, a
partir do século XV, impeliu várias nações europeias a empreenderem políticas
que visassem ampliar o fluxo comercial como forma de fortificar o estado
econômico das nascentes monarquias nacionais. Nesse contexto, a Espanha alcança
um estrondoso passo ao anunciar a existência de um novo continente à Oeste.
Nesse momento, o Novo Mundo desperta a curiosidade e a ambição que
concretizaria a colonização dessas novas terras.
Ao chegarem por aqui, os
espanhóis se depararam com a existência de grandes civilizações capazes de
elaborar complexas instituições políticas e sociais. Muitos dos centros urbanos
criados pelos chamados povos pré-colombianos superavam a pretensa sofisticação
das “modernas”, “desenvolvidas” e “civilizadas” cidades da Europa. Apesar da
descoberta, temos que salientar que a satisfação dos interesses econômicos
mercantis era infinitamente maior que o valor daquela experiência cultural.
Um dos mais debatidos processos
de dominação da população nativa aconteceu quando o conquistador Hernán Cortéz
liderou as ações militares que subjugaram o Império Asteca, então controlado
por Montezuma. Em razão da inegável inferioridade numérica, nos questionamos
sobre como uma nação de porte tão pequeno como a Espanha foi capaz de impor seu
interesse contra aquela numerosa população indígena.
Para explicarmos essa questão,
devemos avaliar uma série de fatores inerentes a essa terrível e violenta
experiência que marca o passado americano. Primeiramente, frisamos a
superioridade bélica dos europeus, que contavam com potentes armas de fogo e
atordoavam os nativos que se deparavam com a inédita imagem de homens montados
em cavalos. Ao mesmo tempo, o próprio contato com os europeus abriu caminho
para a instalação de epidemias que matavam as populações nativas em poucos
dias.
Enquanto o confronto e a doença
funcionavam como importantes meios de dominação, devemos também dar a devida
importância a outra estratégia espanhola. Em alguns casos, os espanhóis instigavam
o acirramento das rivalidades entre duas tribos locais. Dessa forma, depois dos
nativos se desgastarem em conflitos, a dominação hispânica agia para controlar
as tribos em questão.
Depois da conquista, os
colonizadores tomaram as devidas providências para assegurar os novos
territórios e, no menor espaço de tempo, viabilizar a exploração econômica de
suas terras. Sumariamente, a extração de metais preciosos e o desenvolvimento
de atividades agroexportadoras nortearam a nova feição da América colonizada.
Para o cumprimento de tamanha tarefa, além de contar com uma complexa rede
administrativa, os espanhóis aproveitaram da mão de obra dos indígenas
subjugados.
A Sociedade Colonial Espanhola
A grande maioria da população das
colônias americanas era composta pelos índios. A população negra escrava, era
pequena, e, foi usada como mão de obra, principalmente nas Antilhas.
Quem realmente mandava e
explorava a população nativa eram os espanhóis, brancos, que eram a minoria
mas, eram os dominadores.
Assim podemos dividir a sociedade
na América Espanhola entre brancos (dominadores) e não-brancos (dominados).
Mesmo entre a população branca
havia divisões como :
Chapetones - colonos brancos
nascidos na Espanha, eram privilegiados.
Criollos - brancos nascidos na
América e descendentes dos espanhóis. Eram ricos, proprietários de terras mas,
não tinham os mesmos privilégios dos Chapetones.
Além disso, a mistura entre
brancos e índios criou uma camada de mestiços.
EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INDÍGENA NA AMÉRICA ESPANHOLA
Os exploradores espanhóis,
denominados juridicamente adelantados, recebiam direitos vitalícios de
construir fortalezas, fundar cidades, evangelizar os índios e deter os poderes
jurídico e militar. Isso, sob a condição de garantir para a Coroa o quimo de
todo o ouro e prata produzidos e a propriedade do subsolo. Dessa forma, a
Espanha procurava assegurar, sem gastos materiais, a ocupação de seus
territórios na América, o fortalecimento de sua monarquia e o aumento das
riquezas do Estado.
Ciclo da mineração
A partir de meados do século XVI,
com a descoberta de minas de ouro no México e de prata no Peru, organizaram-se
os núcleos mineradores, que requeriam uma grande quantidade de mão-de-obra.
Aproveitando-se da elevada densidade populacional da Confederação Asteca e do
Império Inca, os exploradores passaram a recrutar trabalhadores indígenas, já
acostumados a pagar tributos a seus chefes, sob a forma de prestação de
serviços. Para adequar o trabalho ameríndio, foram criadas duas instituições: a
encomienda e a mita.
Encomienda - Sistema de trabalho
obrigatório, não remunerado, em que os índios eram confiados a um espanhol, o
encomendero, que se comprometia a cristianizá-los. Na prática, esse sistema
permitia aos espanhóis escravizarem os nativos, principalmente para a
exploração das minas:
Mita - Sistema que impunha o
trabalho obrigatório, durante um determinado tempo, a índios escolhidos por
sorteio, em suas comunidades. Estes recebiam um salário muito baixo e acabavam
comprometidos por dívidas. Além disso, poderiam ser deslocados para longe de
seu lugar de origem, segundo os interesses dos conquistadores.
A escravização indígena, pela
encomienda e pela mita, garantiu aos espanhóis o necessário suprimento de
mão-de-obra para a mineração, porém trouxe para as populações nativas desastrosas
consequências. De um lado, a desagregação de suas comunidades, pelo abandono
das culturas de subsistência, causou fome generalizada. Do outro, o
não-cumprimento das determinações legais que regulamentavam o trabalho das
minas provocou uma mortalidade em massa, quer pelo excesso de horas de
trabalho, quer pelas condições insalubres a que esses indígenas estavam
expostos.
Lutas entre espanhóis e astecas
em Tenochtitlán, antiga capital do México em 1520, segundo gravura índia.
contra os cavalos, canhões e armas de aço dos espanhóis, os índios tinham
fracos escudos de pele ou madeira, pedações de pau e lanças de madeira. Repare
no canto direito superior, a representação de uma capela cristã em chamas.
O aniquilamento da população, ao
lado do extermínio das culturas agrícolas, que provocou uma escassez de gêneros
alimentícios, fez com que os proprietários das minas e os comerciantes
investissem seus lucros em áreas complementares de produção, para o atendimento
do mercado interno. Foram organizadas as haciendas, áreas produtoras de
cereais, e as estâncias, áreas criadoras de gado.
Esse setor complementar resolveu
o problema de abastecimento para as elites coloniais. A massa trabalhadora, por
seus ganhos irrisórios, ainda não conseguia satisfazer as suas necessidades
básicas, sendo obrigada a recorrer a adiantamentos de salários. Todavia,
impossibilitados de saldar seus compromissos, os trabalhadores acabavam
escravizados por dívidas.
Somente na passagem dos séculos
XVIII e XIX, momento em que a Revolução Industrial e o Iluminismo ganhavam
forma, observou-se o fim da exploração colonial. Os processos de independência
desenvolvidos por todo o continente abriram caminho para a formação de um
grande mosaico de nações e Estados que deram fim à colonização. Contudo, os
vindouros problemas mostraram que existia um longo caminho a se trilhar em
busca da tão sonhada soberania.