COLONIZAÇÃO
DA AMÉRICA ESPANHOLA
Os
espanhóis, logo após empreenderem um sangrento processo de dominação das
populações indígenas da América, efetivaram o seu projeto colonial nas terras a
oeste do Tratado de Tordesilhas. Para isso montaram um complexo sistema
administrativo responsável por gerir os interesses da Coroa espanhola em terras
americanas. Todo esse esforço deu-se em um curto período de tempo. Isso porque
a ganância pelos metais preciosos motivava os espanhóis.
A
Coroa espanhola veio a incentivar a escravidão indígena ao criar a chamada
"encomienda", pela qual cada colono "encomiendero" recebia
sob sua tutela certo número de índios, que explorava impiedosamente a pretexto
de cristianizá-los. Além da escravidão em caráter permanente, que na prática
era estabelecida pela "encomienda", os espanhóis também lançaram mão
da “mita”, ou seja, o trabalho obrigatório periódico que já era utilizado entre
os indígenas antes da descoberta. De tempos em tempos, as diversas tribos eram
obrigadas a fornecer certo número de trabalhadores especialmente para os
serviços das minas.
Tipos
de colonização da América
Aconteceram,
no continente americano, dois tipos de colonização.
A
América foi invadida pelos europeus, após esse acontecimento diversos países do
velho continente se dirigiram para a nova terra. O continente americano foi
colonizado principalmente por portugueses, ingleses, espanhóis, franceses e
holandeses. Porém, o processo de colonização aconteceu de forma distinta entre
os países do continente.
Os
países considerados latinos tiveram uma colonização de exploração, ou seja,
apenas forneciam riquezas oriundas da natureza (madeira, pedras preciosas,
entre outros) e cultivavam produtos tropicais (cana-de-açúcar, café, borracha,
entre outros). Em resultado a essa intensa exploração, os países latinos
herdaram desse período um grande atraso socioeconômico que reflete nos dias
atuais.
Por
outro lado, os países que fazem parte da América Anglo-saxônica tiveram uma
colonização de povoamento. Isso quer dizer que o interesse da metrópole era
povoar e desenvolver o lugar. Nesse tipo de colonização a intenção não estava
ligada à exploração de riquezas com a finalidade de enviá-las para a metrópole,
e sim de abastecer os próprios habitantes. Em suma, as riquezas produzidas
permaneciam no país. Essa característica foi de fundamental importância para
que países como Estados Unidos e Canadá se tornassem grandes nações, sendo o
primeiro a maior potência mundial.
A
Exploração do Trabalho
Em
alguns lugares como Cuba, Haiti, Jamaica e outras ilhas do Caribe, houve
exploração do trabalho escravo negro, porém, de modo geral o sistema de
produção na América Espanhola se baseou na exploração do trabalho indígena.
Os
indígenas eram arrancados de suas comunidades e forçados ao trabalho temporário
nas minas, pelo qual recebiam um salário miserável. Como eram mal alimentados e
tratados com violência a maioria dos indígenas morria muito rápido.
A
violência aos nativos a aos povos que vieram na condição de escravos da África
para o continente Americano na condição de escravos foram intensas tanto por
parte dos espanhóis quanto dos ingleses e dos portugueses. Ingleses inclusive foram responsáveis pelo
extermínio sistemático das comunidades indígenas existentes ao longo do
território atual dos Estados Unidos.
A
Colonização francesa nas Américas
Desde
o século XVI e, especialmente, no século XVII, os franceses tentavam participar
da corrida colonial, dando prioridade à ocupação de territórios americanos de
Portugal e da Espanha. Esse projeto, porém, não foi bem sucedido, e a América
francesa ficou restrita a pequenos territórios em meio aos domínios ibéricos. A
França teve mais êxito na América do Norte – mas a rivalidade com a Inglaterra
colocou em xeque sua soberania sobre um extenso território, que se estendia do
Canadá ao Golfo do México.
A
participação francesa na corrida colonialista nas Américas teve inicio em 1555,
no Brasil, com a ocupação de um pequeno trecho do litoral fluminense, no qual
foi estabelecida a França Antártica. A colônia serviu de refúgio para os
calvinistas franceses, que estabeleceram boas relações com os nativos. Registro
deixado por Jean de Lery, que esteve no Rio de Janeiro em 1557, informa que, se
não fosse a preciosa ajuda dos tupinambás, os franceses não conseguiriam
carregar um navio de porte médio com toras de pau-brasil em menos de um ano.
Mas
os franceses e os tupinambás acabaram vencidos pelos portugueses e seus aliados
indígenas. Uma investida francesa em terras maranhenses, em 1612-1615, também
foi derrotada.
Invasões
Holandesas no Brasil
O
Brasil foi invadido pelos holandeses por duas vezes. No ano de 1624 ocorreu a
posse de Salvador, que durou um ano, e em 1630 eles tomam Pernambuco,
controlando quase todo o Nordeste por 24 anos, tendo como principal objetivo a
comercialização do açúcar.
De
todas as regiões nordestinas, a mais abastada do mundo no cultivo de açúcar era
Pernambuco, e como o objetivo dos holandeses era o controle deste produto na
Europa, Pernambuco foi um alvo importante durante as invasões holandesas.
Os
holandeses pretendiam alcançar a região dos engenhos, porém, eles foram
obstruídos pelas Milícias dos Descalços – guerrilheiros que tinham o intuito de
fazer oposição às invasões.
No
ano de 1637 chegou a Pernambuco, designado pela Companhia das Índias – empresa
instituída pela Holanda para avalizar a comercialização do açúcar brasileiro -,
o conde Maurício de Nassau, militar de nacionalidade alemã que para ali fora
designado no intuito de consolidar o domínio holandês. Ele foi o responsável
por um grande progresso no Nordeste durante sua administração: criaram-se
muitos hospitais, asilos e várias ruas foram ladrilhadas.
Maurício
de Nassau procurou obter a aceitação dos senhores de engenho e da população à
ocupação holandesa, não se preocupou em gastar o dinheiro da Companhia das
Índias para realizar melhorias nas cidades, em folguedos para o povo e
principalmente em comodatos aos proprietários rurais que tiveram suas lavouras
danificadas em virtude das lutas, estimulou as artes e as ciências e instituiu
uma vida cultural totalmente nova e desconhecida até o momento pelo Brasil
colonial.
Economicamente,
tentou diferenciar a agricultura nordestina da pecuária do Rio Grande do Norte,
no campo político expandiu a participação das camadas gerenciadoras, incluindo
os judeus, portugueses e comerciantes, sendo que holandeses tornaram-se a
metade dos representantes e a outra se constituía de luso-brasileiros.
Após
a partida de Maurício de Nassau, intensificaram-se os conflitos entre os
senhores de engenho e os comerciantes holandeses, pois devido a várias intempéries
os senhores de engenhos não estavam conseguindo pagar os empréstimos efetuados
para as plantações. A Companhia das Índias resolveu assumir as dívidas dos
plantadores com os comerciantes, porém não o fez de graça, interveio nos
engenhos confiscando a produção. Em 1654, após muitos confrontos, finalmente os
colonos portugueses - apoiados por Portugal e Inglaterra - conseguiram expulsar
os holandeses do território brasileiro.
O
Bandeirismo
O
bandeirismo foi um movimento expansionista desenvolvido pela população de São
Paulo de Piratininga deslocando-se para o interior da colônia, durante boa
parte do século XVII. Ao lado deste, devem ser destacadas as entradas, outro
movimento de penetração de interior, cujas diferenças, em relação ao primeiro,
são mais tradicionais do que efetivas: as entradas teriam organização oficial e
não ultrapassariam a linha de Tordesilhas, entre outras, ao contrário das
bandeiras, que seriam organizadas por particulares e não respeitariam o Tratado
de Tordesilhas.
As
razões do bandeirismo
Pode-se
dizer que a penetração dos bandeirantes a partir de São Paulo, em direção ao
Rio Grande do Sul. Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais foi facilitada pelas
melhores condições da vegetação, relevo, clima e rios navegáveis, além do fato
de os homens de Piratininga estar livres, no planalto, dos ataques estrangeiros
que assolavam o litoral na época. Contudo, foi a pobreza dos habitantes de São
Paulo que impulsionou o movimento bandeirista.
Antes
que terminasse o século XVI, a capitania de São Vicente já estava mergulhada em
profunda decadência. O solo pobre das terras litorâneas e o limite imposto pela
serra do Mar, além da distância da metrópole, inviabilizaram a economia
açucareira. Parte da população vicentina abandonou o litoral, deslocando-se
para o planalto de Piratininga, onde o quadro econômico, contudo, não
apresentava alterações sensíveis.
Dessa
forma, isolados no planalto, desprovidos de uma lavoura de porte capaz de
atrair os interesses metropolitanos e produzindo uns poucos gêneros, destinados
basicamente à subsistência, os bandeirantes foram impulsionados a buscar novas
riquezas nos sertões: índios que poderiam ser vendidos como escravos e metais
preciosos.
São
Paulo na época dos bandeirantes
A
vila de São Paulo, no início do século XVII, era bastante pobre e sua população
se constituía, na sua maioria, de mamelucos (mistura do branco com o índio).
Como era forte a influência indígena, eram homens rudes, que dormiam em redes e
se alimentavam à maneira nativa: carne de caça, peixes, frutas e um pouco de
farinha, milho, feijão e mandioca.
Para
o trabalho, valiam-se do braço indígena, que muitas vezes eram caçados e
vendidos como escravos, sendo comum referir-se a estes como os "negros da
terra". As bandeiras de caça ao índio mobilizavam todos os homens da vila
e, embora dela participassem muitos brancos, sua maioria era constituída de
mamelucos e de índios, vitais para o sucesso da empreitada. Portanto, o
apresamento de índios para a escravidão era uma prática comum antes mesmo da
fase áurea dos grandes ciclos do bandeirismo.
O
ciclo de preação do índio
No
início do século XVII, havia a necessidade de complementação de braços escravos
nos engenhos litorâneos e, a partir daí, o apresamento de indígenas tornava-se
uma atividade lucrativa, o que levou o bandeirante a trocar a caça ao índio
bravio das matas pelo ataque às missões ou reduções jesuíticas, onde o nativo,
já cristianizado, conhecia determinados ofícios e estava acostumado ao trabalho
regular. Assim, entre 1612 e 1628, o bandeirante paulista Manuel Preto atacou
sucessivas vezes a missão jesuítica de Guairá, trazendo para o cativeiro
milhares de índios. Seguiu-se em 1629, bandeira de Antônio Raposo Tavares, cuja
violência do ataque acabou obrigando os jesuítas a se fixar em outras áreas
como Tapes, no Rio Grande do Sul, e Itatim, em Mato Grosso. Essas missões foram
destruídas entre 1637 e 1648 pelo mesmo Raposo Tavares, um dos grandes nomes do
bandeirismo de preação.
A
época das grandes bandeiras de preação coincidiu com a ação holandesa, tomando
as feitorias africanas e desviando o tráfico de escravos para o Nordeste, sob
sua ocupação desde 1630. Tanto é que a normalização do tráfico africano na
década de 1640 provocou o declínio do ciclo de apresamento.
O
ciclo do bandeirismo de contrato
Na
segunda metade do século XVII, os bandeirantes passaram a servir aos grandes
proprietários rurais do Nordeste e à própria coroa portuguesa, fazendo a guerra
aos· índios hostis e destruindo os quilombos, onde se concentravam escravos foragidos.
Nessa medida, a atividade bandeirista implicava um contrato e uma forma de
remuneração ou compensação, revestindo-se, além disso, de um caráter
essencialmente militar.
Nesse
ciclo, situam-se as guerras justas contra indígenas, inclusive do Norte do
Brasil, e a guerra dos bárbaros que culminou com a destruição da Confederação
dos Cariris, no Ceará e Rio Grande do Norte. A ocorrência mais importante,
contudo, foi a destruição do quilombo dos Palmares (1695), situado no
território alagoano e um dos mais importantes movimentos da resistência negra à
escravidão. O responsável pelo aniquilamento do reduto quilombola foi Domingos
Jorge Velho, um dos mais importantes bandeirantes do bandeirismo de contrato.
O
Significado do Bandeirismo
A
atuação do bandeirismo foi de fundamental importância para a ampliação do
território português na América. Num espaço muito curto, os bandeirantes devassaram
o interior da colônia, explorando suas riquezas e arrebatando grandes áreas do
domínio espanhol, como é o caso das missões do Sul e Sudeste do Brasil. Antônio
Raposo Tavares, depois de destruí-las, foi até os limites com a Bolívia e Peru,
atingindo a foz do rio Amazonas, completando, assim, o famoso périplo
brasileiro.
O
bandeirante tornou-se, assim, um dos agentes da expansão territorial que deu ao
Brasil sua configuração geográfica atual.
REVOLTAS
COLONIAIS
Entre
as revoltas nativistas mais importantes estão: Revolta de Beckman, Guerra dos
Emboabas, Guerra dos Mascates e a Revolta de Filipe dos Santos.
São revoltas separatistas:
Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana.
A
Revolta dos Beckman ocorreu no ano de 1684 sob liderança dos
irmãos Manuel e Tomas Beckman. O evento que se passou no Maranhão reivindicava
melhorias na administração colonial, o que foi visto com maus olhos pelos
portugueses que reprimiram os revoltosos violentamente. Foi a única revolta do
século XVII.
A
Guerra dos Emboabas foi um conflito que ocorreu entre 1708 e
1709. O confronto em Minas Gerais aconteceu porque os bandeirantes paulistas queriam
ter exclusividade na exploração do ouro recém descoberto no Brasil, mas levas e mais levas
de portugueses chegavam à colônia para investir na exploração. A tensão culminou
em conflito entre as partes.
A
Guerra dos Mascates aconteceu logo em seguida, entre 1710 e
1711. O confronto em Pernambuco envolveu senhores de engenho de Olinda e
comerciantes portugueses de Recife. A elevação de Olinda à categoria de vila
desagradou os comerciantes enriquecidos de Recife, gerando um conflito. O
embate chegou ao fim com a intervenção de Portugal e equiparação entre Recife e
Olinda.
A
Revolta de Filipe dos Santos aconteceu em 1720. O
líder Filipe dos Santos Freire
representou a insatisfação dos donos de minas de ouro em Vila Rica com a
cobrança do quinto e a instalação das Casas de Fundição. A Coroa Portuguesa
condenou Filipe dos Santos à morte e encerrou o movimento violentamente.
A
Inconfidência Mineira, já com caráter de revolta separatista,
aconteceu em 1789. A revolta dos mineiros contra a exploração dos portugueses
pretendia tornar Minas Gerais independente de Portugal, mas o movimento foi
descoberto antes de ser deflagrado e acabou sendo punido com rigidez pela
metrópole. Tiradentes foi morto e esquartejado em praça pública para servir de
exemplo aos demais do que aconteceria aos descontentes com Portugal. Em nenhum
momento os Inconfidentes queriam a abolição da escravidão.
A
Conjuração Baiana, também separatista, ocorreu em 1798. O
movimento ocorrido na Bahia pretendia separar o Brasil de Portugal e acabar com
o trabalho escravo. Foi severamente punida pela Coroa Portuguesa.
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