O
HOMEM NO CONTINENTE AMERICANO
Na opinião de muitos historiadores,
o surgimento dos seres-humanos deu-se na África. Somente após muitos anos eles
se deslocaram para outras regiões do planeta, até chegarem ao continente
americano. Existem diversas opiniões sobre a maneira como estes povos chegaram
na América, a mais aceita é de que teriam vindo do Norte da Ásia pelo Estreito
de Bering, trecho que faz a separação entre Rússia e Estados Unidos (Alaska).
Naquela época, o mar encontrava-se mais baixo devido à glaciação, isso fez com
que uma passagem de gelo natural fosse formada entre os continentes americano e
asiático e por ela os povos antigos passaram a chegaram à América.
Por outro lado, existe a hipótese de
que os primeiros povos da América teriam chegado no continente ao atravessar o
oceano Pacífico. Eles teriam vindo da Ásia e da Oceania. Calcula-se que os
primeiros homens a migrarem para a América teriam feito a travessia há cerca de
20 a 70 mil anos e que utilizaram diversos caminhos. Os homens que chegaram ao
Brasil formaram agrupamentos de caçadores, coletores, tinham domínio do fogo e
construíam instrumentos de pedra. Provavelmente estariam localizados no Piauí,
mas não existem muitas fontes seguras quanto a isso.
PRIMEIROS
POVOS AMERÍNDIOS
Antes que os europeus chegassem às
terras que denominaram América, diferentes povos com culturas também distintas
habitavam este território.
Nas sociedades que praticavam a
agricultura, além da caça e da pesca, as tarefas cotidianas distribuíam-se de
acordo com o sexo e a faixa etária. As mulheres encarregavam-se das atividades
domésticas, da coleta, da agricultura e da produção de cestos e outros
artefatos, enquanto os homens se dedicavam à caça, à pesca, à derrubada de
árvores e preparação das terras para o cultivo e também à guerra.
· Povos Nômades, Caçadores e Coletores:
Os primeiros americanos se organizavam em grupos bastante reduzidos, que
vagavam em busca de caça. A pesca e a coleta de frutas também eram praticadas,
mas como atividades complementares da caça.
· O Início da agricultura na América: As
primeiras experiências com a agricultura na América ocorreram nas terras do
atual México, na América do Norte, por volta de 7 mil anos atrás. Os primeiros
alimentos cultivados foram feijões de diferentes tipos, pimentões, abóboras,
tomates e milho. Na América do Sul, as primeiras plantas cultivadas foram a
batata, a batata doce e a mandioca.
· O Sedentarismo: A permanência dos
grupos humanos num mesmo território fez com que as comunidades fossem
conhecendo melhor as espécies de plantas e animais dos ambientes em que viviam.
Esse conhecimento permitiu-lhes aprender quais plantas podiam ser cultivadas e
como prepará-las para a alimentação.
Entre os principais povos
agricultores da América do Norte estão os Sioux que plantavam principalmente o
milho mas dependiam principalmente da caça do bisão e do búfalo. Já na América
do Sul os tupis-guaranis podiam ser encontrados desde o litoral norte até o Rio
da Prata. Os Tupis dividiam-se em tupinambás, caetés, potiguares e outros. O
cultivo da mandioca, da batata-doce, da araruta, do milho e do feijão era a
base alimentar dos povos americanos.
Um dos costumes indígenas que
horrorizou os europeus foi o ritual antropofágico, praticado entre os tamoios e
outros grupos tupis-guaranis como os tupinambás. Não se tratava, porém, de uma
evidência de extremo primitivismo: comer a carne de um guerreiro inimigo
capturado em combate tinha um significado místico arraigado na cultura das
comunidades ameríndias. Entre os tupis, os festins canibais eram desdobramentos
das guerras.
O SER HUMANO CHEGA AO BRASIL
Os sítios
arqueológicos de São Raimundo Nonato, no Piauí e de Lagoa Santa, em Minas
Gerais, reúnem os objetos e fósseis mais antigos já descobertos no Brasil.
Em São Raimundo
Nonato, escavações levaram à descoberta de centenas de artefatos de pedra
lascada e pedaços de carvão vegetal. O sítio arqueológico Boqueirão da Pedra
Furada, onde ocorreram as descobertas, é um abrigo rochoso cujas paredes estão
cobertas por mais de mil figuras rupestres. os vestígios mais antigos de grupos humanos foram
encontrados na região do Piauí e as datações sobre suas origens são bastante controvertidas,
variando entre 12 mil e 40 mil anos;
Figuras
rupestres são inscrições em paredes rochosas e em cavernas que datam milhões de
anos atrás. Estes são comprovadamente os registros de existência humana em
determinado local.
INCAS
Os incas viveram na região da
Cordilheira dos Andes (América do Sul ) nos atuais Peru, Bolívia, Chile e
Equador. Fundaram no século XIII a capital do império: a cidade sagrada de
Cusco. Foram dominados pelos espanhóis em 1532.
A religião tinha como principal deus
o Sol (deus Inti). Porém, cultuavam também animais considerados sagrados como o
condor e o jaguar. Acreditavam num criador antepassado chamado Viracocha
(criador de tudo).
Na arquitetura, desenvolveram várias
construções com enormes blocos de pedras encaixadas, como templos, casas e
palácios. A cidade de Machu Picchu foi descoberta somente em 1911 e revelou
toda a eficiente estrutura urbana desta sociedade. A agricultura era
extremamente desenvolvida, pois plantavam nos chamados terraços (degraus
formados nas costas das montanhas). Plantavam e colhiam feijão, milho (alimento
sagrado) e batata. Construíram canais de irrigação, desviando o curso dos rios
para as aldeias. A arte destacou-se pela qualidade dos objetos de ouro, prata,
tecidos e joias.
MAIAS
Nunca chegaram a formar um império
unificado, fato que favoreceu a invasão e domínio de outros povos. As cidades
formavam o núcleo político e religioso da civilização e eram governadas por um
estado teocrático. O império maia era considerado um representante dos deuses
na Terra.
O povo maia habitou a região das
florestas tropicais das atuais Guatemala, Honduras e Península de Yucatán
(região sul do atual México). Viveram nestas regiões entre os séculos IV a.C e
IX a.C. Entre os séculos IX e X , os toltecas invadiram essas regiões e
dominaram a civilização maia.
A religião deste povo era
politeísta, pois acreditavam em vários deuses ligados à natureza. Elaboraram um
eficiente e complexo calendário que
estabelecia com exatidão os 365 dias do ano.
A base da economia maia era a
agricultura, principalmente de milho, feijão e tubérculos. Suas técnicas de
irrigação eram muito avançadas. Praticavam o comércio de mercadorias com povos
vizinhos e no interior do império. Ergueram pirâmides, templos e palácios,
demonstrando um grande avanço na arquitetura. O artesanato também se destacou:
fiação de tecidos uso de tintas em tecidos e roupas.
ASTECAS
O sistema político era uma
monarquia, em que o governante máximo era o Chefe dos Guerreiros
(Tlacatecuhtli), com poder militar e de política externa. Os povos dominados
pelos astecas mantinham certa independência tendo, no entanto, que pagar
pesados tributos, estando sempre prontos a revoltar-se. Isso ajuda a entender a
relativa facilidade que teve Cortez para conquistar o México.
O Império Asteca se estendia do
México à Guatemala e do Atlântico ao Pacífico, reunindo inúmeras tribos
vizinhas subjugadas pela violência e obrigadas a pagar tributos, além de
sofrerem constantes violências com as chamadas “guerras floridas” usadas pelos
astecas para encontrar gente para sacrifícios humanos dedicados a aplacar a ira
dos seus deuses.
A religião era politeísta, pois
cultuavam diversos deuses da natureza (deus Sol, Lua, Trovão, Chuva) e uma
deusa representada por uma Serpente Emplumada. A escrita era representada por
desenhos e símbolos. O calendário maia foi utilizado com modificações pelos
astecas. Desenvolveram diversos conceitos matemáticos e de astronomia.
Os astecas foram grandes arquitetos
e escultores, possuíam um sistema de escrita e um sistema numérico vigesimal,
contando ainda com um calendário solar de 18 meses de 20 dias complementados
com mais 5 dias. Um período de 52 anos completava um ciclo.
COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA ESPANHOLA
A expansão do comércio europeu, a
partir do século XV, impeliu várias nações europeias a empreenderem políticas
que visassem ampliar o fluxo comercial como forma de fortificar o estado
econômico das nascentes monarquias nacionais. Nesse contexto, a Espanha alcança
um estrondoso passo ao anunciar a existência de um novo continente à Oeste.
Nesse momento, o Novo Mundo desperta a curiosidade e a ambição que
concretizaria a colonização dessas novas terras.
Ao chegarem por aqui, os espanhóis
se depararam com a existência de grandes civilizações capazes de elaborar
complexas instituições políticas e sociais. Muitos dos centros urbanos criados
pelos chamados povos pré-colombianos superavam a pretensa sofisticação das
“modernas”, “desenvolvidas” e “civilizadas” cidades da Europa. Apesar da
descoberta, temos que salientar que a satisfação dos interesses econômicos
mercantis era infinitamente maior que o valor daquela experiência cultural.
Um dos mais debatidos processos de
dominação da população nativa aconteceu quando o conquistador Hernán Cortéz
liderou as ações militares que subjugaram o Império Asteca, então controlado
por Montezuma. Em razão da inegável inferioridade numérica, nos questionamos
sobre como uma nação de porte tão pequeno como a Espanha foi capaz de impor seu
interesse contra aquela numerosa população indígena.
Para explicarmos essa questão,
devemos avaliar uma série de fatores inerentes a essa terrível e violenta
experiência que marca o passado americano. Primeiramente, frisamos a
superioridade bélica dos europeus, que contavam com potentes armas de fogo e
atordoavam os nativos que se deparavam com a inédita imagem de homens montados
em cavalos. Ao mesmo tempo, o próprio contato com os europeus abriu caminho
para a instalação de epidemias que matavam as populações nativas em poucos
dias.
Enquanto o confronto e a doença
funcionavam como importantes meios de dominação, devemos também dar a devida
importância a outra estratégia espanhola. Em alguns casos, os espanhóis
instigavam o acirramento das rivalidades entre duas tribos locais. Dessa forma,
depois dos nativos se desgastarem em conflitos, a dominação hispânica agia para
controlar as tribos em questão.
Depois da conquista, os
colonizadores tomaram as devidas providências para assegurar os novos
territórios e, no menor espaço de tempo, viabilizar a exploração econômica de
suas terras. Sumariamente, a extração de metais preciosos e o desenvolvimento
de atividades agroexportadoras nortearam a nova feição da América colonizada. Os astecas e os incas não foram
eliminados nem expulsos pelos conquistadores espanhóis devido à existência de
ouro e prata nas regiões que eles ocupavam e ao interesse dos colonizadores em
explorá-los enquanto mão-de-obra. Para o cumprimento de tamanha tarefa,
além de contar com uma complexa rede administrativa, os espanhóis aproveitaram
da mão de obra dos indígenas subjugados.
A Sociedade Colonial Espanhola
A grande maioria da população das
colônias americanas era composta pelos índios. A população negra escrava, era
pequena, e, foi usada como mão de obra, principalmente nas Antilhas.
Quem realmente mandava e explorava a
população nativa eram os espanhóis, brancos, que eram a minoria mas, eram os
dominadores.
Assim podemos dividir a sociedade na
América Espanhola entre brancos (dominadores) e não-brancos (dominados).
Mesmo
entre a população branca havia divisões como:
Chapetones
- colonos brancos nascidos na Espanha eram privilegiados.
Criollos
- brancos nascidos na América e descendentes dos espanhóis. Eram ricos,
proprietários de terras mas, não tinham os mesmos privilégios dos Chapetones.
Além
disso, a mistura entre brancos e índios criou uma camada de mestiços.
EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INDÍGENA NA
AMÉRICA ESPANHOLA
Os exploradores espanhóis,
denominados juridicamente adelantados, recebiam direitos vitalícios de
construir fortalezas, fundar cidades, evangelizar os índios e deter os poderes
jurídico e militar. Isso, sob a condição de garantir para a Coroa o quimo de
todo o ouro e prata produzidos e a propriedade do subsolo. Dessa forma, a
Espanha procurava assegurar, sem gastos materiais, a ocupação de seus
territórios na América, o fortalecimento de sua monarquia e o aumento das
riquezas do Estado.
Ciclo da mineração
A partir de meados do século XVI,
com a descoberta de minas de ouro no México e de prata no Peru, organizaram-se
os núcleos mineradores, que requeriam uma grande quantidade de mão-de-obra.
Aproveitando-se da elevada densidade populacional da Confederação Asteca e do
Império Inca, os exploradores passaram a recrutar trabalhadores indígenas, já
acostumados a pagar tributos a seus chefes, sob a forma de prestação de
serviços. Para adequar o trabalho ameríndio, foram criadas duas instituições: a
encomienda e a mita.
Encomienda
- Sistema de trabalho obrigatório, não remunerado, em que os índios eram
confiados a um espanhol, o encomendero, que se comprometia a cristianizá-los.
Na prática, esse sistema permitia aos espanhóis escravizarem os nativos,
principalmente para a exploração das minas:
Mita
- Sistema que impunha o trabalho obrigatório, durante um determinado tempo, a
índios escolhidos por sorteio, em suas comunidades. Estes recebiam um salário
muito baixo e acabavam comprometidos por dívidas. Além disso, poderiam ser
deslocados para longe de seu lugar de origem, segundo os interesses dos
conquistadores.
A escravização indígena, pela
encomienda e pela mita, garantiu aos espanhóis o necessário suprimento de
mão-de-obra para a mineração, porém trouxe para as populações nativas
desastrosas consequências. De um lado, a desagregação de suas comunidades, pelo
abandono das culturas de subsistência, causou fome generalizada. Do outro, o não
cumprimento das determinações legais que regulamentavam o trabalho das minas
provocou uma mortalidade em massa, quer pelo excesso de horas de trabalho, quer
pelas condições insalubres a que esses indígenas estavam expostos.
Lutas entre espanhóis e astecas em
Tenochtitlán, antiga capital do México em 1520, segundo gravura índia. Contra
os cavalos, canhões e armas de aço dos espanhóis, os índios tinham fracos
escudos de pele ou madeira, pedações de pau e lanças de madeira. Repare no
canto direito superior, a representação de uma capela cristã em chamas.
O aniquilamento da população, ao
lado do extermínio das culturas agrícolas, que provocou uma escassez de gêneros
alimentícios, fez com que os proprietários das minas e os comerciantes investissem
seus lucros em áreas complementares de produção, para o atendimento do mercado
interno. Foram organizadas as haciendas, áreas produtoras de cereais, e as
estâncias, áreas criadoras de gado.
Esse setor complementar resolveu o
problema de abastecimento para as elites coloniais. A massa trabalhadora, por
seus ganhos irrisórios, ainda não conseguia satisfazer as suas necessidades
básicas, sendo obrigada a recorrer a adiantamentos de salários. Todavia,
impossibilitados de saldar seus compromissos, os trabalhadores acabavam
escravizados por dívidas.
Somente na passagem dos séculos
XVIII e XIX, momento em que a Revolução Industrial e o Iluminismo ganhavam
forma, observou-se o fim da exploração colonial. Os processos de independência
desenvolvidos por todo o continente abriram caminho para a formação de um
grande mosaico de nações e Estados que deram fim à colonização. Contudo, os
vindouros problemas mostraram que existia um longo caminho a se trilhar em
busca da tão sonhada soberania.
Reinos Africanos
Quando os europeus começaram a
explorar a costa africana, no século XV, encontraram diferentes povos, com
línguas, tradições e costumes distintos. O contato dos europeus com essa
diversidade de etnias, por meio da exploração das terras africanas e do
escravismo, produziu um intercâmbio cultural que se pode notar em quase todo o
planeta, formando assim uma África
marcada pela diversidade histórica e étnica. No Brasil podemos
reconhecer a África na capoeira, embalada pelo berimbau; a culinária,
enriquecida com o vatapá, o caruru e outros quitutes; as influências musicais
do batuque e a ginga do samba e dos instrumentos como cuícas, atabaques e
agogôs. Estamos ligados ao continente africano de forma indissolúvel.
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